De palavras em palavras

Amiga,

Quando resolvo sair do marasmo em busca de alguma aventura por mais idiota que ela possa parecer, sinto-me poderosa.

Como se eu fosse a cópia da mulher maravilha.

Lanço cordas, escalo, vou ao topo e no instante seguinte, fico estática.

Daí fico a olhar para baixo e me dá um pavor!

Não é pavor do que vejo e sim, aquele pavor de pensar que posso ter uma vontade incontrolável de escorregar montanha abaixo. Sem nenhuma proteção. Aliás, o que me protegeria a não ser meu instinto de sobrevivência?

É interessante pensar que o único fio que nos liga a vida, vem da nossa intensa e inesgotável vontade de viver.

Esse fio, se não fôssemos marionetes nas mãos do Criador, poderíamos direcioná-lo a nosso bel prazer.

Deve ser por isto que às vezes, deixamos que ele fique repleto de nós. Tenho repulsa por nós. Prefiro laços.

E os meus laços são geniais e firmes.

Pelo horário, agora são 17h00min, imagino que apuração de votos das escolas de samba do Rio de Janeiro já tenha terminado.

Alegria de uns tantos e tristeza de muitos. Sempre será assim.

Não sigo a religião carnavalesca. Gosto de ver a alegria. E só.

Quando eu podia, pela disposição, me arrebentar de tanto pular no carnaval, não tinha aval dos meus pais.

E até passei, nos anos anteriores, torcendo por alguma escola. Mas, a escola que escolhi Mocidade Independente de Padre Miguel, nunca ganha!

Mudando de assunto, sou um tanto quanto mestiça em termos de ídolos.

Por ter passado minha infância no Estado de São Paulo, sou corintiana.

Por ter passado toda e qualquer férias no Rio de Janeiro, sou vascaína.

E, depois que voltei a ser mineira, o que na realidade sempre fui, esqueci como se torce, esqueci como é que se empolga em grandes festividades. Ah! Nem sei por que escrevi isto... Mas, não torço pelo Galo de forma alguma! Nem pela raposa!

Onde eu deveria estar?

Estou sempre onde o Sol nasce. E sempre onde ele adormece.

Entre o dia e a noite, entre montanhas, entre expectativas.

E quando posso, vou ao Nordeste.

- 'bóra, prá Recife?

Lá não tem neve e as praias estão sendo engolidas.

Antes que as minas de Minas não produzam mais... o que mesmo?

Venha me visitar.

Beijos