Ah, Tetê... Que saudade!

Nunca poderia imaginar que você nos deixaria assim. Sem polemica, sem sermões, sem um ‘le grand finale’.

Hoje é seu aniversario. Mais um dos muitos que virão sem a sua marcante presença. Quatorze de março é o dia da poesia. Assim como você em nossas vidas.

Talvez hoje não haja musicalidade nos meus versos porque minha alma se encontra muda. Meu pranto seja estanque. Mas a saudade perdura e machuca tanto...

Muitas vezes me pego entre o riso e o choro, lembrando de algo que você disse num daqueles momentos que poucos te conheceram. Naquelas conversas intimas que só depois de muito tempo pode me confiar, será que por me considerar jovem? Eu?!

Sabe, até hoje não entendo de onde tirou forças pra seguir mesmo quando todos consideravam impossível. Envergonho-me em dizer, mas tive inveja da coragem inabalável que possuía e não imagina como me senti importante quando ainda, num quarto de hospital, pediu minha presença. A distancia se tornou tão pequena diante da vontade de vê-la e eu viajaria muito mais se preciso fosse porque eu a amo demais.

Com você aprendi tantos valores. Amar as artes e ter sede de conhecimento. Voei mais do que podia porque me fez acreditar. Creio que todos nos temos que agradecer por ter sido o norte de nossa família. Por manter a união seja nas horas alegres ou tristes. A matriarca.

Depois que você se foi recebi tanta coisa sua e as uso com muito carinho. Existem momentos que olho-me no espelho e vejo você. Porque se fossemos gêmeas não pareceríamos tanto. Um dia até o meu marido nos confundiu. Foi engraçado.

Mas a vida nem sempre é justa e num descuido ceifa as pessoas que amamos. Pensei estar curtida de tantas ausências. Sou humana e ainda sofro mesmo quando não declino uma lagrima sequer.

Dia após dia tento não lembrar do seu sofrimento, das suas angustias e receios por deixar assuntos pendentes... Mas não podemos ter tudo. Você teve o privilegio de se encontrar antes de partir...

Saudades