Análise de meus dias

Meus dias transcorrem de maneira totalmente distante da minha própria percepção. Oh! isto é demais para um pobree alienado como eu! Já não sei mais o porquê das coisas que faço. Não faço coisas extravagantes e nem simples, apenas faço. Esse apenas fazer me dilacera por completo, visto que é justamente por ele que tenho a percepção de que todas as coisas que por mim são feitas estão distantes da minha compreensão no nível de percepção.

Meus dias todos um arcabouço de nada!

A pouco tempo atrás tive a idéia de buscar permanecer no silêncio a mim imposto pelas vicissitudes da minha escolha de vida para viver. Também li a pouco a seguinte frase: busque o vazio. Sê corajoso e permanece nele. Coisa difícil de se conseguir!

Tudo se converteu em silêncio.Esta é a minha afirmação para todas as coisas sejam elas quais forem.

Não há nada para além de qualquer coisa que seja...

Quando alguém se aventura nos horizontes do silenciar ele já não mais tem noção de coisa alguma. Isto afirmo porque um dia me aventurei por esses caminhos e se pudesse ter uma compreensão mais total dos fatos que sucederiam, de antemão, não teria iniciado esta busca.

Às vezes acho que minha busca é insana digna de um desiquilibrado mental e emocional.Até parece que estou mergulhado num mundo irreal no qual somente a minha pessoa tem acesso.A disparidade entre realidade vivida por mim e realidade vivida por outros dá-me essa impressão.

Existem momentos de um profundo vazio. Contudo, tenho observado que esta percepção só se dá no nível de paralelismo entre a minha experiência pessoal e a imaginação do como é a experiência do outro. Deste modo, posso dizer que ao me livrar da nefasta obssessão de comparação poderei não mais sentir ou experenciar a penetração deste vazio. Entretanto em se fazendo semelhante coisa posso cair na tentação de me livrar da noção de humanidade que existe em mim. Ao passo que eu renego tal noção fico vulnerável a loucura, visto que tudo que ocorre em mim se não comparada a outra experiência humana é tomada(por mim mesmo)como achaque de loucura.

Só desisto da busca quando se avizinha de mim a velha resposta que não quero ouvir ou dar ouvidos:espere e confie.

Quando tudo me escapa cêdo a essa constataçã nefasta da dor de encontrar em si mesmo motivos para desacreditar do modo de ser o que sou. Porém quando permaneço nela a sensação de nulidade se apodera de mim.

Como se pode notar para mim não há caminho seguro ou certo. As coisas são por demais embaralhadas na minha mente.

Vivo um viver estranho e ilusório. É triste a minha sorte mas, fazer o que? Resignar somente.

Permaneço fechado a mim e longe do meu viver-em-mim.Estou fundamentado nas consolações alheias. Por isso, pensava comigo a pouco:' ninguém ouvirá o meu silêncio'. Ora, dizer ou pensar semelhante coisa é fundamentar a minha vida, a minha existência numa análise alheia e não na minha própria existência de mim para comigo mesmo. Só Deus pode ser este fulcro da minha existência.

Li a pouco que a divindade não anula a humanidade mas, pelo contrário ,a ilumina e a queima sem, no entanto, consumi-la, assim como na passagem da sarça ardente.

Até quando ficarei de braços cruzados? Tenho para mim que até que passe este medo que sinto no mais profundo da minha frágil e limitada existência. Oh! como eram agradáveis aqueles dias em que me via envolvido por uma espécie de ilusão psiquica! Hoje em dia nem realidade nem ilusão,apenas o nada, o vazio e solidão para com tudo que me cerca.

Como estou diferente... Já não me conheço mais! Oh! Quem pode se conhecer?! Entretanto, este conhecer de que falo é um conhecer de Si mesmo numa consciência mínima a respeito dos próprios gostos, costumes, idéias etc. Nem essa pouca consciência estou logrando possuir.

As palavras somem. As idéias se acabam. Tudo foge. Foge tudo ou me afasto de tudo? Como saber, se o fato de duvidar com pressupostos de alternância já clarividencia a dubialidade da percepção? Ah! Isso me faz delirar de ódio contra mim! Nestes momentos, me pergunto o porquê dessa inconstância e dessa força impetuosa e imperiosa que jaz no príncipio da minha infelicidade e fracasso, desembocar e irromper em forma de fúria para com aqueles que realmente me amam e também em transformar em covardia serviçal a estranhos? Não entendo! Não entendo... Esse nada nadificante me consome até as entranhas e tudo ao medo redor é simplesmente isso e nada além disso. Oh! Palavras vazias para expressarem conteúdos para além de seus limites!!! Isso é exercício de fim... Por quê? Porque aqui fico silenciado pela força da vivência violenta de sentir o peso da consciencia inconsciente. Neste estado todas as manifestações são capazes de me silenciar. Coisa pior não há! Ora, ser tolhido, podado por tudo e por todos é ruim, porém, o que me faz sofrer ainda mais é o fato de não poder me defender justamente porque não há possibiliade. Ah! Vida aporitica... Isto porque estou nulo e vazio. Até mesmo o meu raciocínio é vago, impreciso e tolo. Nisto e diante disto sou forçado a aquiescer até o mais absurdo dos insultos, o mais vil menoscabo da minha pessoa com vistas nesta consciência de mim.

Quando estas coisas começam a se suceder, me pergunto: 'o que sou ? O que tenho?' Perguntas aparatemente insolúveis, haja vista que já tenho um método de resposta. A minha resposta é a minha fé.

Se me perguntarem:' Quem é você?' Direi:' Um homem de fé'. Isto porque para o abismo intransponível que está a minha frente e abaixo de mim, não há outra possibilidade de resposta que não aquela de acreditar que existe outra realidade diferente desta que contemplo em mim ou a partir de mim - não sei ao certo.

Quando esta resposta se torna resposta-dúvida-pergunta posso me considerar como aquele que nada é, e que nada ex-siste de si. Porque, nestes momentos, não existem proposições verdadeiras, visto que todas manifestam uma idéia de que são apenas construções mentais desprovidas de toda e qualquer verdade-realidade . Quando estou neste momento fé conceitual é puro insulto a existência vazia deste ser que questiona. Apesar disso continuo a questionar para que, deste modo, obtenha uma asserção mais essencial, pura e originária da fé em si mesma.

Com isso posso afirmar que esta experiência gera um conceito ontológico acerca da fé mesma e do como se relacionar com ela, para que , ela e a partir dela, haja , no homem, este salto de ascendência transcendental em busca do Ser Absoluto, Deus.

Dranem
Enviado por Dranem em 14/03/2009
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