Meu querido,

Ah, eu vivo e morro pelas paixões

E só elas me aproximam do sagrado

E por ti, ou por mim

Fui acima e além

E abaixo em poucos dias

Mas nada disso é incomum a mim

E bem sabes como sou

Quisera só dormir nos braços teus

Meu corpo descansa em paz

Teus olhos me acalmam

Não me precipito a falar de amor

Tampouco das paixões comuns

Gosto de te ouvir me surpreendendo sempre

E embora saiba que assim é melhor

O romance seria uma desculpa para estar mais perto

Não escondo mais nada

Não há mais razão

Talvez comece a entender meu afeto

Quando perco nossas outras chances

Gosto das mãos e dos cabelos

Do olhar e do sorriso

Da mágica sublime

Do surrealismo

Das coisas impossíveis

Possíveis contigo

Mas que história de amor não é bela

Sem um pouco de tristeza?

Não bastasse já ser bela por natureza

Pela arte que nos cerca

Inteligente, melancólica

Sonhadora e inconformista

Tão volátil e tão profunda

Posso dedicar-lhe estas palavras

Agradecidas

Saudosas do corpo

Repletas da alma

Paradoxalmente felizes e tristes

Que sabem que você vai sempre longe

E não querem prendê-lo

Se um dia chegares a lê-las

Saberá que vos pertencem

E talvez nesse dia sejam apenas lembranças vagas

Sempre foste uma embriaguez de vinho

Noutro dia lembrança reticente

Uma fruta de gosto diferente

Da qual é difícil lembrar-se o aroma com clareza

Mas mesmo se não me fizer mais sentido

Como tantas outras vezes

Saiba que agora é assim

E de certa forma sempre será verdade neste tempo-espaço

que ficará para trás

Sempre haveremos de ter um pedaço do mundo só nosso

Um beijo no portão

Uma estação de trem

Uma carta

Um pedaço de pão

Um livro

E uma ou duas noites pra recordar

Elle Henriques
Enviado por Elle Henriques em 24/03/2009
Código do texto: T1504057