Carta do Dia dos não namorados

Blá blá blá, 12 de junho de 2001

Oi Paulo.

E aí? Tudo bem? Eu estou bem, mesmo que você nem tenha se perguntado se estou bem ou não, e também pouco me importa se você ache que sim ou se você acha que não.

Resolvi escrever nesse “Dia dos Namorados” já que em algum momento de nossas vidas em comum, devemos ter nos portados como tal e como tal, nada melhor que esse dia para que você leia o que não quer ouvir, ou melhor, o que eu não quero dizer por medo do que você queira ouvir.

Mas vou te dizer: estou de saco cheio de suas conversas fiadas que não levam a lugar nenhum, embora eu sempre procurasse algum significado nas entrelinhas para que elas tivessem alguma consistência.

Tudo em vão.

Outra coisa que não me desce nem empurrando: Anda ao meu lado como se andasse contando os ladrilhos das calçadas, muito embora eu estivesse totalmente fora de minha razão quando achei que os contasse para quando – num desatino do destino – você ficasse sem visão e poderia ir até a minha casa de olhos fechados...

Eu acho que nós não temos mais nada a ver. Sabe por quê?

Porque pisa nos meus pés quando dançamos.

Porque erra o dia do meu aniversário.

Porque me liga de madrugada.

Porque sabe que eu gosto de pizza de rúcula com tomate seco e mesmo assim pede uma de Califórnia.

Nem sei mais o que escrever. Não me responda. Só quero que saiba que sinto falta de tudo aquilo ali em cima.

P.S. Se quiser me responder, estarei esperando. Ah! Também não vou me importar se resolver me ligar. Pode me ligar qualquer hora, ok?

Mas não pense que amoleci. Porque isso não vai acontecer. Segue junto com essa cartinha um cartão para comemorarmos o dia dos não namorados, que é o que somos agora. Você me deixa em confusão.

Beijos do sempre seu, sempre, sempre e sempre, mesmo que por hora não sejamos, mas poderemos voltar a ser...

Gutierrez

Michele CM
Enviado por Michele CM em 11/04/2009
Reeditado em 14/04/2009
Código do texto: T1534527
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