AMOR

Meu amor:

Não quisestes me ter, como, se nem eu mesma me quis?

Não tecestestes um manto para o frio que me acometeria com tua ausência, nem olhastes para trás. Seguistes mudo, frio...

Não sentistes a visão de minha alma sangrando, desordenada, desorientada...pouco ou nada te doeu. Não emitistes nenhum som, não vestestes nenhuma lágrima, não pronunciastes nenhum adeus.

Apenas te fostes, como uma chuva passageira, mas, que afoga pessoas, sentimentos e vidas. Tua mão desalinhou-se da minha, teu coração do meu, meu corpo do teu. Mas, como te esquecer, se deixastes como herança, uma marca ferrada em meu corpo, a me lembrar eternamente que um dia, me amastes?

Como aceitar, como não sofrer, se não me ensinastes como agir numa tragédia de tamanha dimensão? Mas, teus passos foram se alongando, se calando, e, aos poucos, nada mais se ouvia, nem teus passos, nem tua voz, nem a minha.

Um enorme vácuo, então se fez. Instalou-se em mim. E, agora já nem sei se sou, ou apenas minha sombra. Não sinto o batucar de meu coração, nem escuto meu pranto. O límpido cristal que havitava meus olhos, tornou-se opaco. Meus passos, já não passos, asas.Meu ser sem ser, declinou da vida e partiu sem mim . Restou a réstia do que foi, restou apenas o resto quie deixastes, a sombra do ser em vida, a dor de se saber sem corpo, apenas alma...talvez, nem ela.

eternamente, tua.