Ao medo: deixe-me dizer “te amo”

Às vezes apenas chorar não é o suficiente. Uma, duas lágrimas que escorrem pelo meu rosto pálido. Olhos marejados por uma tristeza inexplicável, tão profunda como a solidão que me angustia e me atormenta nessa gélida madrugada. Sob a luz de velas eu preencho as linhas, a chama bruxuleia devido à brisa que entra pela fresta do vidro da janela.

Meu corpo está frio, quase sem temperatura, meu coração às vezes diz que quer parar de bater, suspiro, volto a respirar.

Como posso amar alguém e continuar sentindo-me tão só? Às vezes acho que minha vida é um engano, uma mentira, que eu não pertenço a esse lugar, tempo e espaço mundano. Em outros momentos creio que seja algum tipo de depressão passageira ou medo de me deixar amar de novo, ter minha confiança traída e roubada junto com o meu coração tão machucado. Medo de te machucar sem saber...

Às vezes acho que não sobrou nenhum pingo de amor no peito, que todo o sentimento se esvaiu junto com as lágrimas que chorei. Sim, tenho medo de dizer “te amo”, pois quando isso eu fizer, não terei mais salvação. Estarei perdida em teus braços, presa em um labirinto que eu mesma criei.

Por que tanto medo, eu me pergunto. Medo... Medo... Medo de sentir e deixar esse amor profundo aplacar meu peito e arrecadar meus sentimentos de vez para si. Medo de sentir esse calor possuir o meu corpo inteiro, me fazendo delirar como uma febre alta e infinita. Dizer “te amo” é mais difícil do que dizer que gosto ou adoro, pois “te amo” é algo muito maior, sem definições pré-estabelecidas, sem dimensões ou barreiras para bloquear o sentimento, sem regras contrárias. É estar sempre junto em todos os momento, bons e ruins, dizer “te amo” não é tão simples assim e só deve ser dito quando se tem certeza disso, certeza que ama de verdade. Amar deve ser um gesto lindo entre dois seres humanos.

Lágrimas, medo, frio... Sozinha na noite. Perco o sono. Conto os tic-tacs do relógio. Sono... Medo... Amor profundo! Fundo do peito, um buraco que dói, uma dor que corrói a alma quando não te tenho por perto.

Sim, tenho medo de amar, de me deixar amar, tenho medo de pensar que um dia tudo possa se esgotar e simplesmente acabar e novamente sofrer. Sofrimento unido ao medo. Tenho medo de sofrer, medos das lágrimas de pura tristeza. Medo de te contar tudo que penso. Talvez eu esteja enlouquecendo por tanto pensar nisso. Afinal eu só quero ser feliz e não quero que seja somente eterno enquanto dure, quero que dure eternamente!

Te quero e preciso, tu me faz sorrir. Às vezes é verdade que entristeço com alguns atos humanos, mas se também sou humana, que posso fazer?

Queria poder estalar os dedos e esquecer as minhas tristezas passadas, e sei que tu gostarias de fazer o mesmo, talvez tu também tenha medo, assim como eu, de amar... Talvez, só talvez, a gente consiga aplacar o medo um do outro, guardá-lo em algum cofre e ser feliz lado a lado. Talvez nosso amor seja maior que nossos medos.

Eu rezo para que essa agonia chegue ao fim, que meu peito cicatrize com a tua ajuda. Eu rezo para que essa tristeza angustiante me abandone de vez, que eu não tenha mais medo, apenas certeza para poder dizer “te amo”!!!! Talvez eu possa concluir que seja tarde demais para escapar disso tudo, pois acho que já te amo demais mesmo com todos os meus medos presentes...

Lilith Góthica
Enviado por Lilith Góthica em 15/05/2009
Código do texto: T1594947
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