Ao meu querdido pai

Meu pai, não pensei em superar a dor de sua perda, logo depois de perder minha irmã querida. Uma mulher com amor comparado ao de uma mãe, um olhar meigo e carinhoso, com coração bondoso e que fazia de seu sofrimento um aprendizado para queles que só reclamavam de dores insignificantes (pessoas materialistas)

Estava ali em minha frente, no meu dia, porém só vim a perceber, agora, alguns anos depois o significado da vida, por meio dos olhos da minha irmã.

Mesmo doente, deitada numa cama, num leito de hóspiltal, seu olhar era sereno, que fazia de seu sofrimento uma luta plena. Mesmo assim seu rosto refletia um semblante feliz e confiante.

Meses depois de tanto sofrimento, Deus chamou minha irmã para junto dele. Meu mundo caiu, perdi o chão e não queria aceitar que tudo aquilo estava acontecendo comigo. Olhava o portão e a enxergava sentada no mesmo lugar, brincando e sorrindo com todos, sem diferença. Sorria para os mais ricos e os mais desprovidos com a mesma ternura.

Quando ela precisou raspar a cabeça pela segunda vez, eu e meu pai, juntos, dissemos aos demais que iriamos despir nossas cabeças para que ela percebesse que estávamos com ela nesta batalha.

Com o sofrimento da minha irmã descobri que atrás daquela armadura da qual meu pai se revestia, guardava um homem com faces rudes, mas de coração mole.

Ele não sabia que meses depois, passaria pela mesma provação e assim se cumpriu seu roteiro nesta história, fez se presente nas dores do outro e buscou não esmorecer, nem deixar que seus filhos o fizessem.

Na minha última visita ao meu pai, numa tarde de sábado, peguei em sua mão e perguntei como ele estava. Ele me respondeu que estava "quebrado" e eu fiquei mudo. Daquele momento em diante, nos falamos por olhares, respeitei a sua dor, nossos olhares se fundirão e com esse olhar ele expressou o quanto me amava. Foi ali que tive a certeza que sua missão aqui na Terra, já estava cumprida.

Descanse em paz, agora eu tenho certeza que um dia iremos nos encontrar na presença de Deus.

Reze por nós que aqui ficamos, para que um dia, todos os seus entes queridos, possam voltar aos braços do Pai.

Carta escrita por: Alexandre R. Bicudo (meu esposo)

em:24/05/09

Cris Vitarelli
Enviado por Cris Vitarelli em 24/05/2009
Código do texto: T1612293
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