São Paulo 11 de junho de 2009

Denise e Marcio

" Um trem com vinte vagões e uma locomotiva, parados numa estação, com algumas pessoas interessadas em fazê-lo andar " é como se parece a minha vida, neste momento.

O trem sou eu mesmo, a locomotiva é o que me anima em proseguir, os vagões são os anos que trago nas costas, por vezes cansado pelo peso, outras vezes dele, nem notanto a presença.

As pessoas interessadas em que eu ande, espalhadas por tantos caminhos, multiplicam com os seus carinhos, a força dormente dentro de minha alma, que anima meus membros e que dá o tom da força para os meus passos.

Hoje uma dessas pessoas queridas me trouxe aqui, á estação em que estou parado, em Lomba Grande, Rio Grande do Sul.

E aos meus olhos, saltam as cores de uma aquarela...

E nas cores na tela, e na força como o pintor as imprimiu, encontrei sinais claros de uma amizade sincera.

Vim a estas paragens, como aquelas aves de arribação...

Vim como uma alma á procura de luz, de paz e calma, em sua busca de comunhão!

Somos seres estranhos, humanos, individuos, que só se completam com a aproximação de outros... Com o contato com o outro, com a sua voz, com os seus sim e nãos...

Vir a Lomba Grande, poderia ter sido como ir ao Japão! - Um acaso, se é que acasos existem!

Como se tivesse me dirigido, ao meu vizinho de rua, ao companheiro de trabalho, pois eu vim atraido por uma pessoa, que teceu comigo laços mágicos que só a alma, a mente e o coração, enxergam!

E nós em nosso corre corre diário, não temos nossos destinos tão marcados na palma da mão.

É tudo muito imprevisto, tudo muito rápido, embora a minha vinda até Lomba Grande tenha demorado uns bons trêz anos...

Mas o que são 900 dias perto da eternidade?

Assim, esta viagem foi muito rápida então!

Vim, dizendo sobre mim, e sobre o que me assola a mente e o coração... Não existe nada mais pessoal do que isto, e mesmo assim esta minha individualidade encontrou acolhimento e refúgio!

Vim falando de meus sonhos, e encontrando atravês deles, sensibilidade e emoção.

Vim assim de mansinho, para não assustar os meus anfitriões, mas vim inteirinho, corpo presente e alma também.

Ultrapassei as modernidades da internet, dos chats, grupos e emails, materializei-me, e concretamente aqui estou...

Ouvindo tuas palavras, e as de teu consorte, alegrei-me, emocionei-me, comovi-me, agradecido pela oportunidade do contato.

Quero deixar bem clara a importância de nossa amizade, pois para mim sempre foi difícil encontrar bons ouvintes, bons articuladores, que não tivessem medo de seus pensamentos, e que também não menosprezassem os meus.

É aquela velha história do patinho feio, história com aga mesmo, onde as pessoas não tem uma idéia sequer sobre si mesmos, quanto mais sobre o que fazer de suas vidas... E assim vão vivendo, se é que se deixar viver é viver!

Assim, esta minha breve estadia em terras de Lomba Grande é um marco, claro no espaço de minha vida em que leio, vejo, estar em um estágio bem melhor.

Eu consegui finalmente fazer-me entender, e mais importante que isso, posso ouvir os outros e os compreender!

Estar em Lomba Grande, inspira-me a continuar a caminhada... Os meus pensamentos e sentimentos não serão sempre correspondidos, mas serão correspondidos.

Lomba Grande é uma prova disso!

E olhando pela janela do trem de minha vida, encontrei no outro um reflexo do que existe de melhor em mim; a poesia.

É incrivel como a poesia transforma as pessoas, é incrivel como se transforma quando toca as pessoas...

É incrivel como ela fala das mesmas coisas, como um reflexo de um no outro.

Foi assim que eu me senti uma " Lua Perfeita " em Lomba Grande.

Imaginei o orvalho como " Lágrimas de Rosas ", crendo que " As Cores falam em mim... "

deixando clara a minha relação com a poesia, enquanto tomava conhecimento do contato de minha anfitriã com a poesia.

Por fim conheci a " Borboleta-Felicidade " e toda a sua verdade que ela encerra dentro de si!

Nesta viagem para Lomba Grande, pude ver uma bela aquarela, com cores novas, novos matizes... E me senti feliz!

Nesta carta que envio para Lomba Grande, quase não falo os nomes de duas pessoas, que me acolheram em Lomba Grande. Mas esta carta não é para falar apenas com eles, mas falar deles, é um agradecimento, é um desabafo, é um carinho!

É um certo egoismo, não falar os nomes de amigos tão amados!

Mas vocês bem o sabem que são!

Edvaldo Rosa