Porque o mar...

PORQUE O MAR!?

Eu sabia que tomarias essa atitude, sempre soube. A euforia do primeiro encontro, a ânsia do primeiro beijo, a volúpia da primeira vez... são lembranças que já remontam 500 anos.

Sabes! Eu te conheço mais que a mim mesmo, porque quando em meu peito, as feridas profundas que causastes, além das cicatrizes, tenho em minha mente guardadas as recordações de todas as cenas, atos de nossas vidas.

É assintomático, transparente o teu semblante, quando te apresentas todas as vezes que vais me dizer adeus. Só não sei o que é dessa vez: a minha situação problemática e difícil? Perdestes o gosto pela luta, deixastes de ser uma guerreira? Um novo amor, ou entao vais me culpar pelas coisas que não conseguistes realizar?

Em vida, ou vidas, é simples o contexto de que para cada ato há sempre um fato, até mesmo não ocorrido, mais simplesmente porque deixamos e ele povoa a nossa mente, direcionando para a solução mais fácil, ou seja: dar a meia volta e esquecer, questionar se o que buscamos é o que realmente queremos...

Em se tratando de uma nau errante tripulada por viajantes do tempo, para desculpar a nos mesmos, podemos naturalmente afirmar:

Há os que se queixam do vento.

Os que esperam que ele mude.

E os que procuram ajustar as velas...

Ou entao, se encontrando perdida em um imenso deserto, decida: siga as pegadas do vento, na bússola da existência o azimute fica no centro, no coração e na mente e requer toda a atenção, para não se perder na imensidão de areias, jamais poder nadar ou ao menos ver o mar...

A primavera chegou, o córrego desliza lentamente sobre o leito pedregoso, o céu ganha a tonalidade azul, as flores brotam multicolorida por todos os lados, a brisa leva o perfume extasiante e o canto dos pássaros se confunde com o zumbido dos besouros. As borboletas são como dezenas de pétalas de cores variadas que se movimentam no ar. Tudo é belo, maravilhoso, a felicidade está no ar. Namorados passeiam de mãos dadas, se dão beijos furtivos e fazem amor, afinal, a estação é do desejo, peca e logo ele se realiza, nem precisa jogar uma moeda no lago porque tudo se realiza.

Alguém me prometeu resgatar na primavera, mais eu! Ainda continuo aquí, e tú, como se não mais me conhecesses, diz: que quando eu avistar o mar terei ouvido de tua boca o derradeiro adeus...

O mar, sempre esteve entre nós, desde que te tornastes o meu porto seguro, mais que hoje, cortas as amarras e induz-me novamente ao vagar sem rumo, porque?

Airton Feitosa

Tributaryagf@yahoo.com.br