Enclausura-me...

Há tanto para dizer-te, e mal sei d'onde cabem as palavras neste momento.

Bem sei que o fim é algo inevitável, mas bem sonhava eu que nosso fim se daria somente na morte. Ora, nem me diga que sentimentos não são contratos, que amor não é para a vida toda, e que se pode amar alguém inda que sem desejá-lo. Por favor, não refaça seus conceitos acerca do amor á mim. Basta-me o meu, se sinto acredito, e se acredito á mim se faz eterno. Inda que seja sina do viver a dor do amar só.

Eu mal sei porquê estou á escrever-te(e mal sei se a ti declaro), decerto apenas que nunca irá ler esta carta, e mais certo talvez é que se quer entenderia. Falas de amor não se propagam em teu ouvidos, sabes apenas de um desejo vil e sorrateiro, pueril como tuas longas e melodiosas falas, perdeu-se no tempo, e não ei descrevê-las para que possas recordar. Se palavras cabem em teus sentimentos, é bem certo que apagaria-se por entre o tempo. A mim, palavras são ínfimas demais para algo tão único, tão sublime.

As palavras, cabem somente como um escrito de lamento, um canto a desesperança fruto de um amor malogrado, fruto de um coração magoado, fruto de um desejo incontido que era amar-te, melhor, que era ter-te por toda a vida. Pois amar-te, inda que só, me será clausura, sina do meu querer que não descansa, como se cada dia sem tua presença, fosse á min'alma cumprindo sentença, desde que me vi enclausurado em teu olhar, desde que o teu riso, petrificou-se em meus dias, que logo, sem repetem sem ti.

Junior Antonio
Enviado por Junior Antonio em 17/07/2009
Reeditado em 17/07/2009
Código do texto: T1705004