Para minha sogra que se foi

Dona Ângela,

Passaram-se 4 anos e 4 meses desde o dia em que comecei a namorar a sua filha até o dia em que a senhora nos deixou. Ao contrário do que acontece com genro e nora, nosso relacionamento durante todo esse período foi sem problema nenhum. Assim que nos aproximamos a senhora demonstrou gostar de mim e eu da mesma forma. Não me esqueço que a senhora falou que eu fui o único namorado da Josy que a senhora realmente aprovou. Não me esqueço do dia em que fui visitar a senhora no hospital e o meu simples gesto de um aperto de mãos fez a senhora se alegrar tanto e dizer que eu fazia pra senhora o que seus filhos não faziam.

Quantas vezes brincamos um com o outro. Sempre amei encher a sua paciência e a senhora encher a minha. Tudo para nós era motivo de zoação. Quem não nos conhecia direito pensava até que estávamos brigando.

Minha querida sogra, que susto a senhora me deu no dia 07/10/2008, quando internada na Santa Casa de Belo Horizonte para tratar de uma simples pneumonia, a senhora teve uma crise respiratória e foi parar no CTI; quantas lágrimas rolaram em meus olhos no dia em que fui te visitar e te vi toda entubada, em coma induzido e sem esperanças de sobreviver.

Minha filha havia nascido há uma semana e lamentávamos o fato dela não ter tido a oportunidade de conhecer a vovozinha que com tanto amor, juntamente conosco aguardou a sua chegada.

De repente, graças a Deus, a senhora foi apresentando melhoras e quão feliz ficamos no dia em que a senhora recebeu alta do CTI e posteriormente do hospital.

Foram várias as noites em que dormi no hospital com a senhora. Juntamente com os seus filhos, fiz tudo o que podia para te ajudar.

Mas, infelizmente, mesmo após sair do hospital, sua saúde nunca mais foi a mesma. Ficou dependente do oxigênio, não podia mais fazer os seus serviços domésticos, nem mesmo aquela comidinha gostosa que a senhora fazia. Vez ou outra voltava a ser internada.

Até que no dia 24/07/2009, às 00:01, a senhora foi descansar nos braços do Deus Todo Poderoso.

Sei que a senhora não irá ler esta carta, mas expresso nessas letras um pouco do meu sofrimento pela sua partida. Estou com muitas saudades. Não quero guardar na lembrança a sua imagem no caixão, mas não quero me esquecer de nenhum dos bons momentos que passamos juntos, brincamos juntos, sorrimos juntos, fomos felizes juntos. Fique tranqüila vou cuidar bem da sua filha e da netinha que a senhora tanto amou.

Sem mais, repito, estou com muitas saudades. Te amo.

Evandro

Evandro Alves dos Santos
Enviado por Evandro Alves dos Santos em 27/07/2009
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