insular

O frio toca leve as paredes da casa, cortinas abrem e fecham a luz natural do dia e este olhar divaga a escrever-te. Há palavras e sinais de pontuações tristecidos e lamentam a ausência constante do teu riso. A grafite afunda no papel quase a perfurar a solidão descrita em negrito. O olhar parece um pêndulo, um silenciário que se fecha em vertigens como se pudesse conter o mar de lágrimas. Escreve-se faca, a lâmina fere e escorre a lágrima nascida deste silêncio. A solidão coroa lembranças, a temperatura baixa gela o pensamento e tudo mais que me rodeia chora no íntimo. A noite vem apagar teu nome a deixar-me num vasto espaço ermo e sem compaixão desatina-me. Deslizo o lápis a descrever a palavra tormento e estes dedos embargam e creio na espera, num anseio fremente que eu não te perca ao menos da memória, mesmo numa aparência destituída de realidade, mesmo na ausência da forma, assim descrevo-te e necessito-te... Mais... Mais de ti necessito. A noite é sem alento, sem remédio e atormenta-me em intensa saudade. A noite estende seus braços como se a ofertar refúgio sombrio, cela para deter o cansaço deste corpo, que se desprende sobre as rendas do silêncio e sem ninguém... Sem ti. Corpo fadigado, dedos faltos de sensações, quais, um dia, estiveram atados os teus e a tua pele: pedindo-te... Hoje, estão, em torpor e a solidão: viola-me. Amanhã será outro dia... Outro dia longe de ti.