Ventos de Agosto

Não é mesmo que suas asas insistem em voar contra o vento?

Nossos ventos, tão tropicais, não possuem direção.

Como fará quando eles lhe derrubarem?

Fico imaginando como será a queda.

A cabeça virá girando.

Seus pensamentos, sempre tão óbvios, é que lhe darão uma rasteira e tanto.

Há alguns anos atrás eu gostava de ouvir suas certezas.

Pareciam tão coerentes!

Eu ficava horas pensando no que me dizia.

Você não me mudou com suas teorias. Mas dei-lhe toda atenção que o momento pedia.

Lembra-se que insistia para que eu fosse mais lógica?

E que deixasse de sonhar com possibilidades?

Na sua matemática exata o mundo girou e girou.

Nas minhas possibilidades girou também, apenas sofreu pausas para que elas, as possibilidades, acontecessem.

É que eu mapeei o trajeto e preenchi as linhas de acordo com minhas emoções.

E foram muitas as emoções.

Não fiquei contando os passos do meu caminhar.

Conforme as dificuldades iam surgindo, eu fazia trocas.

Ou de estradas ou de metas.

Errei muitas vezes, mas os acertos compensaram qualquer desalinho.

Conforme você mesmo disse, sua vida foi marcada por persistência.

Desculpe-me, mas eu qualifico como obsessão.

Observei como você fazia desenhos com os pés num solo árido. Chegava à exaustão!

Nunca aceitou que mãos significassem ofertas.

Sua determinação pelo impossível o aniquilou.

Agora que o vejo rodeado de enigmas me pergunto:

- Quando irá sacudir suas crenças e se tornar uma pessoa feliz?

Os ventos são de agosto, o momento é agora. Faça-o!