Desabafo ( Carta a uma Diretora de Rec. Humanos)

Uberlândia ,janeiro de 2005

Recordando meus anos de serviço, percebo que passei uma vida entre pessoas arruinadas e magoadas, procuro sempre ajudar outros a compreender a relação intima que existe entre suas feridas e cicatrizes do passado, suas derrotas e falhas espirituais do presente.

Essa ênfase é muito necessária, principalmente entre os espiritualistas. Isso porque dá-se a impressão de que qualquer problema emocional é resultado direto de algum pecado intencional, e pelo qual somos pessoalmente responsáveis.

Quando não totalmente negado, pelo menos não se dava nenhuma ênfase ao fato de que algumas pessoas são vitimas do pecado de outras contra elas. É completamente omitida a idéia de que compreensão, aconselhamento e um nível mais profundo para que indivíduos fossem curados e até mesmo salvos.

Considera-se tudo um problema puramente espiritual, com solução também espiritual.

O que mais me preocupa é que as pessoas venham se fazer de vitima! Uma vitima do que se tornou uma epidemia nacional – a obsessão com algo que chamarei de vitimismo ou vitimologia.

É a mania de pôr culpa em outrem. Todos tentam escapar da responsabilidade sobre suas decisões e acham desculpas para praticamente qualquer tipo de comportamento, lançando a culpa em outros.

Infelizmente, a epidemia contagiou muitos. Em lugar de usarem as descobertas feitas através do aconselhamento como meio de graça e satisfação, que é o processo para se tornarem melhores, alguns parecem usá-las para eximir-se da responsabilidade, e desculpar-se por levar uma vida de baixo nível.

UMA EPIDEMIA NACIONAL

“Certo jornal ilustrou a prática de jogar a culpa nos outros, usando o desenho de um tribunal em sessão. O juiz, de toga preta, interroga o acusado:

- Como quer se declarar? Culpado? Inocente? Inocente devido a insanidade? Inocente devido a cafeína, nicotina, ou ao termino do efeito da droga? Ou devido à criação inadequada?” Talvez venhamos a rir, mas será um riso nervoso e hesitante, pois percebemos que temos um problema sério nas mãos, que é real demais para ser engraçado.

No momento em que fui demitido me acusaram, entre outras coisas, de chamar alguém de “Boiola” isso foi a desculpa mais esfarrapada que as duas pessoas que me demitiu arrumou e ainda alegaram que eu não tinha conhecimento de Lei Trabalhista e nem perfil de atendimento a pessoas.

Também não tive direto de resposta e de uma acariação descente junto a pessoa que me acusou, só prevaleceu a verdade dele, alengando que na situação dele só acusação que ele fez valeria, pois se sentiu humilhado.

É, só trabalhei com Recursos Humanos uns 20 anos e realmente não tenho conhecimento e nem prática, onde sinicamente, no momento em que assinava o Aviso-Prévio, ainda me argüíram, e prontamente respondi a questão conforme está na lei.

Os casos vão se suceder, não adianta as pessoas se chocarem com o arremedo de justiça que presenciamos, quando transformaram vilões em vitimas que teriam sofrido abusos. E ele seguindo um plano preestabelecido declarou diante dos superiores que sentia vitima.

Fiquei surpreso em ouvir tais afirmações, não quis nem contra argumentar pois me igualaria a eles. Nunca, nem se quer por brincadeira fiz tal citação por respeito a sua opção sexual. (Pois se fizesse ficaria tranqüilo, conheço essa pessoa a mais de 15 anos, quando foi contratado como estagiário. E na época eu o entrevistei, se não nos tornamos amigos mas pelo menos conversava-mos todos os assuntos sem preconceito).

Será que os próprios homens que ajudaram a criar este Frankestein da vitimologia vão reconhecer que um dia eles também poderão se tornar vítimas dele?

Charles J. Sykes, membro do Instituto de Pequisa Política de Wisconsin, abordou essa questão em seu livro, Uma nação de Vitimas: a decadência do cartater Americano( como poderia ser do Brasileiro).

Apresentando documentação e análise minuciosa, ele explica que a tese: “Eu não sou o responsável, a culpa não é minha porque sou Vitima” ameaça destruir a estrutura da sociedade. Ela abala os fundamentos mais importantes da nação, tais como o sistema educativo e judiciário.

A grande maioria das pessoas vive procurando responsáveis para os problemas que enfrentam: culpam a família, a sociedade, o ambiente em que vivem, os amigos e até o próprio Deus. E sentem pena de si mesmas, achando que não merecem passar por tantas dificuldades.

Agradeço, por ter me dado esta oportunidade de trabalhar na empresa, e creio que cumpri um ciclo da minha passagem nas Empresas do Grupo(20 anos). Onde tive grandes momentos.

Que Deus adençõe, Você, e todas as pessoas que estão à sua volta.

jan
Enviado por jan em 17/06/2006
Reeditado em 17/06/2006
Código do texto: T177149