1a CARTA COMENTÁRIO - Conto mais um ponto -  Alberto Nascimento

"Meu prezado Flamarion.

Após a leitura do seu livro, me senti tentado a fazer um comentário crítico a respeito dele. Na idade em que estamos, eu com 57 anos e você com 55, não podemos mais nos dar ao prazer impensado e induzido por emoções fugazes de escrever, contar piadas ou fazer humor, principalmente quando o objeto desse humor são pessoas, seres humanos, vivos ou não, lúcidos ou loucos.

Acho que a nossa idade é a idade do pensar e pensar, para depois fazer. Não quero que me tome como um conselheiro, não; não é essa minha intenção nem tão pouco um direito meu. Apenas valo-me da nossa amizade para fazer esse comentário que, acredito, muitas pessoas não vão apreciar muito seu livro, por várias razões, principalmente quando você faz uso de fotos e nomes de pessoas, sem a autorização das mesmas, expostas no seu livro. (digo isso porque eu mesmo não fui consultado). Quiçá, tivesse eu recebido de alguém uma crítica construtiva e bem feita, bem fundamentada, sobre algum dos meus três discos; ela com certeza iria me nortear melhor na realização de outros; mas não; o que recebi até hoje foi a indiferença absoluta de todos e principalmente dos “amigos”; isso é muito pior que qualquer crítica. Algumas pessoas falaram mal na ausência, como estão falando do seu livro. Ainda em Correntina já ouvi as primeiras. Veja então abaixo:

1. O conteúdo textual é por demais diversificado; prosa e versos se alternam no mesmo volume; poesias de vários autores, que na verdade, são co-autores do livro. Às vezes parecem críticas, outras vezes parecem piadas ou comentários humorísticos, principalmente quando se refere aos excêntricos da cidade.

As expressões usadas cotidianamente por eles, que você as transcreve, poderiam ser deixadas subentendidas; não seria preciso explicitar tanto as expressões. Acho que essas expressões depõem contra a qualidade literária do seu livro.

2. O número de erros de todas as naturezas é abundante. Erros gráficos, erros de pontuação, de concordâncias, de imprensa, etc. Há também erros de datas em alguns relatos. Enfim, faltou mesmo uma revisão criteriosa antes de ser impresso.

3. O texto, em minha opinião, deveria relatar os fatos, de ficção ou não, sem citar nominalmente os autores deles, mas apenas deixando subentendidos, o que para a comunidade a que se destina o livro, eles seriam facilmente identificados, e a leitura se tornaria mais interessante. Citar nomes de pessoas, inclusive sob forma de tratamento que algumas não gostavam ou não gostam, de pelos quais serem tratadas, é desrespeitoso, humilhante e antiético, em se tratando de pessoa real, viva ou não. Para pessoa fictícia, menos mal. Outro erro imperdoável do texto é a passagem de um assunto para outro antes da conclusão do que se estava relatando, e sobre o qual, se deveria fazer apenas uma referência e retomá-lo à frente para descrevê-lo na íntegra, como faz os grandes escritores.

4. As homenagens específicas a determinadas pessoas não interessam ao público, e, em minha opinião, não deveriam ser assunto para um livro.

5. Acho que o livro tem três vertentes: uma com relatos ou contos de histórias pessoais (pessoas não públicas) irrelevantes para o público; outra de lembranças de fatos políticos e de politicagens sem nenhum valor histórico; outra é a exploração dos nomes e fatos relacionados a tristes personagens que passaram por Correntina. Pobres desvalidos, desprotegidos, desassistidos e desrespeitados mentecaptos, que, por ironia do destino, foram a diversão daqueles que não tinham clemência e/ou raciocínio lúcido para analisar, sentir e condoer-se com um mínimo de sensibilidade por aqueles desassistidos pelo poder público e pela sociedade em geral que nunca nada fizeram por eles, a não ser levá-los mais rapidamente à total loucura e à humilhação. Por que não relembrá-los com compaixão e respeito às suas memórias? Por que não perguntar quais os problemas pessoais aquelas criaturas tiveram que os levaram à loucura e ao desprezo e desamparo total de parentes e do poder público? É preciso pensar no lado humano das coisas e não simplesmente escrever sobre pessoas e suas vidas sem levar em conta o aspecto humano e do respeito.

É preciso pensar antes de escrever e usar os nomes das pessoas sem que elas tenham autorizado o uso de seu nome e sua imagem. Faço aqui, portanto um alerta, como uma das pessoas cujo nome e imagem foram usados nesse livro sem autorização, cuja forma de tratamento eu não gostei (ninguém sofreu mais preconceito que eu naquela cidade). Outro ponto que não gostei, foi envolver-me com o autor do episódio da batida do sino por ocasião da posse do prefeito em janeiro de 1967. Eu não tinha qualquer relacionamento com aquele sujeito e sempre fomos duas pessoas diametralmente opostas, diferentes em todos os sentidos.

6. Finalmente, reafirmo que é preciso pensar antes de sair por aí escrevendo e lançando livros com nomes de pessoas sem a autorização das mesmas. Para finalizar, valo-me dos versos do Rei Roberto Carlos: “É preciso ter cuidado pra mais tarde não sofrer, é preciso saber viver”.

Goiânia, 25 de janeiro de 2008
Alberto Alves Nascimento"


FLMARION RESPONDE:

Amiigo, lamento muito sua visão um tanto deturpada a cerca do livor Conto mais um Ponto; no fundo eu acho que você foi atingido pelo mesmo episódio do livro do Rei Roberto carlos - RC, quando proibiu  que uma obra sobre sua vida fosse trazida a público. Acho que foi, por parte do Rei,  um ato declarado de medo de seus próprios atos ou teme que os fãns tome conhecimento de sua real personalidade e macule a imagem  romantica que o consagrou, em canções que se eternizaram pelas letras romanticas. Não fosse o tal  livro, como teriamos a oportunidade de conhecer o seu grade ídolo da Jovem Guarda, que bom um bom tempo, foi também o meu ídolo !  Penso que as pessoas que recusam ser um livro aberto, como normalmente dizem por aí, certamente temem sua própria verdade.

Os contos, biografias e alguns dos poemas do livro Conto mais um Ponto agora fazem parte deste site, que em três  meses de publicado,  tem uma média superior a mil leituras mensais e críticas que motivam minha caminhada. Escrevo pela sensibilidade e o desejo de registrar minha passagem pela vida e não permitir que a minha  história e parte da história de meu povo,  morra nas gavetas empoeiradas, ou na memoria fertil dos que têem condições de contar o que sabem;  por falta de quem lhe registre os fatos de que são testemunhas.

Lamento pelo ocorrido com o lançamento dos três CD do amigo, mas creio que faltou carisma e divulgação ampla da parte de quem se propõe a divulgar um trabalho literário, escrito ou musical;  apesar de ter co imperdoável pecado de não ter procedido a merecida revisão;  cometeria outro erro, se o guardasse ou escondesse; acreditando naquela máxima que diz "um erro não justifica o outro" evitei que o livro não fosse levado ao conhecimento do público, pelo conteúdo proposto e por muitos compreendido e é assim que aprendemos; nos acertos e erros.

Coloquei filarmonica na rua, tocando dobrados, visitando nossos anciões, soltando foguetes e vendo um exercito de meninos felizes correndo pelas ruas em busca de informação do que se passava, por quê a banda tocavtes naquele final de tarde. 

Quem sabe um dia alguém não se habilita em lançar uma segunda edição com uma impecável revisão ?  Já tem aqui minha autorização e faço disponível, tudo que aqui faço publico.

Não há livro, por pior que seja, que não traga em sí porção indispensável de conhecimento e uma experiência que nos evolua no passo seguinte. Pelo visto o amigo não entendeu a homenagem que faço aos nossos excentricos e inesquecíveis loucos, que alegraram nossas vidas de meninos e quebraram a monotinia de nossas ruas vaziam de movimentos que atraissem atenção, rompendo a rotina de uma vida cheia de mesmices. Contar o dia a dia dessas amaveis criaturas foi um ato de eterniza-lo no contexto e traze-lo conosco, nesta caminhada rumo ao futuro.

Obrigado, obrigado mesmo pela crítica e sinta-se convidado a ser um colaborador, ajudando-me a escrever mais uma página da história de nosso povo, com humor ou sem humor. Sem demagoria e sem rancor; disse-o bem, quando conceitua a importância de uma crítica; aos fortes ela não abate e  estimula seguir adiante, reconhecendo as falhas e procurando corrigir-se delas. O convite é estendido a todos, principalmente aos professores, negando apoio, não os vejo no direito de criticar, quando se negaram contribuir com a cultura, o conhecimento e sua própria história, o mais passa.

Acatei muitas das opiniões e reeditei nesta web as partes mais importantes do livro, procurando ao máximo, redimir dos erros graficos e pontuação. Em tudo isso tenho muito agradecer a todos o episódio acabou por levar de volta a escola e agora um cinquentenário estudante da Faculdade UPIS.
 
As críticas por vezes é como um remédio amargo, que traz como resultado a restauração de um sonho abandonado, que há de transformar o porvir.

Obrigado aos leitores deste web, principalmente pelas criticas recebidas.


Flamarion Costa
Enviado por Flamarion Costa em 26/09/2009
Reeditado em 28/12/2010
Código do texto: T1832513
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