Carta para a saudade...

Carta para a saudade,

Hoje é para ti que escrevo que de mim nunca te ausentas.

De quem tanto falo, escrevo...

Hoje quero a ti me dirigir, e fazer um pedido sincero.

Justo.

Sabe o que quero?

Quero trégua de ti.

Trégua senhora saudade.

Hoje, pelo menos hoje, only hoje, quero passar sem ti.

Quero trégua das mágoas que te acompanham...

Da falta que tu me trazes,

Do ausente sorrir...

Hoje quero tua trégua, dos olhos vermelhos, da seca retina,

Trégua de tudo que é dissabor,

De todas as desventuras que se acercam de mim, quando tu chegas.

Tréguas de tudo que é anexo a ti.

Melhor...

Mais que isso,

Quero que tu não chegues que percas o trem, o bonde, o caminho...

Perca o destino,

Quero que te percas, e assim percas-te de mim...

Quero que não aches minha porta,

Meu rumo,

Esqueça onde vivo que existo.

Esqueça.

Não venha,

Por favor, não venha,

Hoje, quero trégua de ti.

De sofrer, de amargar,

Do fel que só tu pões-me na boca,

Do peso quase insuportável que depositas nos ombros meus...

Não é pedido,

É Súplica,

Não,

Não,

Agora é ordem:

Não vem!

Deixa-me na paz um pouco só,

Na paz que tu me roubas sempre que apareces...

Na paz que há tempos me deves.

Eu prometo,

Despedirei-me de ti,

Desfaze-me-hei de ti,

Das tuas cinzentas, sinistras cores,

Teus tons sépia, teu sabor salubre,

Nada que seja de ti eu guardarei,

Nada teu quero a sobrar,

Nada a restar.

Eu não te quero mais,

Nem te quero em mim,

Não quero a insone que sou, se tu vens,

Hoje, eu quero a paz,

A paz e todas as suas decorrências,

A paz que levaste,

Que não devolveste...

Anda,

Devolve,

Apaga minha lembrança de ti,

Põe no correio o que me levaste,

Despacha de volta...

Sem remetente.

Faço questão de nem te saber,

De nada de ti ter,

Nada,

Não esquece,

É trégua...

Por favor,

Concede-me a trégua... D. Saudade.

Roseane Namastê
Enviado por Roseane Namastê em 01/11/2009
Código do texto: T1899535
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