Paixões vitais

Raios assustadores riscam o céu e os observo diante da janela aberta. Sei que não devo mais temer os raios que acompanham o vento antes da tempestade e a chuva que segue. Vinculam-se, pois...

Tu entretanto desvinculas as coisas para seguir a vida. Afastas de ti as paixões e escolhes aquilo que é mais sereno e controlável. Eu compreendo.

Percebi porém que me é impossível aderir a isso. Sinto muito mas serei arrebatada por minhas paixões e mergulharei nelas como uma doida, embevecida do calor inseguro que me preenche... não posso evitar, ou um líquido venenoso toma o lugar do ar e sufoco. Confiarei como uma cega besta no que me toca e leva e não deixarei que temores prévios façam com que meu corpo se torne pedra.

Sei de todos os teus sensatos conselhos e não os posso seguir, sei que é do homem sensato negar o que se assemelha ao vício, tu pode ser consigas recuar diante das tuas mais pungentes paixões para que não te consumam as chamas. Mas eu não recuarei diante das minhas, apenas porque me inflamam de maneira irreversível.

Mesmo que seja consumida breve pelo fogo, sobre meu cadáver haverá uma luz perpétua, ao passo que desistir seria conceber as sombras sobre um corpo inerte que vaga pela vida.

Clarissa de Baumont
Enviado por Clarissa de Baumont em 04/11/2009
Reeditado em 04/11/2009
Código do texto: T1905118
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