CARTA DE AMOR II               (Por que será?) 

                                                                                                         (para Dudda)


Por que, que depois que te vi, tudo na minha vida começou a girar em torno do teu existir? Todos os meus caminhos tomaram rumos adversos; opiniões e conceitos agora se me apresentam de maneira assimétrica.

Não mais sei o que é parte, ou contraparte! Ou caminhar sem ti! Por que? Por que, que passaste a ser o centro do meu universo: pensamentos, palavras e ações? Por que, que por ti quase chego a pecar, ou seja, te amo, te venero, quase te adoro? Por que?

De onde vem essa força mágica que, por mais que queira, não consigo desviar o pensamento de ti? Que ópio é esse que tanto me alucina, me deixa louco, me fascina? Êxtase que absorve-me e enleva-me à tua contemplação constante! Por que? Por que que releguei a segundo plano tudo o que para mim era importante; tudo o que a mim me parecia essencial? E por que, que tudo o que antes era essencial, agora vejo com outros tons, outras cores, outras importâncias? Cores vivas agora me parecem esmaecidas, diante do teu brilho que a tudo ofusca!

Quem fez isso comigo? De onde vem tamanha força e poder!

Hoje vejo com outros olhos pessoas que fizeram loucuras de amor. Hoje, acredito, não as condenaria!

Meu medo é que partas com a mesma magia e encanto com que apareceste em meu viver!

Fico aqui a pensar: por acaso não serias de outra dimensão? Ora, se não és, como é possível trilhares pelos mesmos caminhos do meu pensamento? Pelos mesmos escaninhos dos meus mais recônditos labirintos? Como podes, muitas vezes, falar-me das mesmas coisas que estou a pensar! Quem te deu essa anuência de penetrares no âmago do meu ser? Escanear o meu cérebro? Como ousas, praticamente, seres eu?

E esta tua voz, suave e diuturnamente a ecoar em meus ouvidos, feito bálsamo e a tua presença que sinto-a, a cada momento, cada vez mais forte, ao meu lado? Pari passu, em meu caminhar cotidiano.

E por que esta ânsia desenfreada de te amar mais do que a mim mesmo? Te amar mais e mais! E a ti, sempre, sempre querer devotar o que de melhor existe em mim, em minha vida! Por que será? E por que que tudo que vem de ti é belo, radiante, perfeito e me encanta? E, sabidamente, não trata-se de peculiar, ou mera paixão. Não!

Sinto-me parte tua e sinto-te uma extensão minha, - mais que extensão-, parte agregada a mim. Horas há em que tenho vontade de desvendar tamanho mistério; não obstante, horas outras, prefiro o enigma, o indecifrável, o que não se penetra. Prefiro esta emoção; este novo sentir.

O importante é que para mim tudo isso faz parte e não é outra coisa senão toda a essência do que convencionou-se chamar de amor.

Deixe-se então ficar como está. Melhor assim!