Condenado a morte.

O momento derradeiro se aproxima.

Já me vejo em um caixão.

Eu já estou morto.

Há muito que esperava por isso, era inevitavel.

A data da minha execução finalmente foi marcada: 21 de outubro de 2006.

É uma sensação estranha saber que meus dias estão contados, que minha vida tem dia para terminar.

Sinto uma "mistura" de emoções: agonia, tristesa, alivio, solidão, desespero... Sou um morto-vivo.

Agora só me resta esperar.

Enquanto aguardo o momento final, continuarei com as minhas atividades cotidianas.

Tenho que me conformar, é uma decisão irrevogavel.

Confesso que será uma espera angustiante.

Busco coragem para enfrentar o "patibulo" e o carrasco.

Tenho que ser forte para encarar a corda que porá um ponto final nesta vida.

Queria me despedir da vida de maneira natural, não de modo tão melancolico.

Passo grande parte dos dias olhando para o teto, fitando o vazio, pensando em como será o dia de morrer, em como será quando a corda envolver o meu pescoço e parti-lo, como será quando o coração deixar de bater, a respiração cessar...

Nada mais pode ser feito. Não há mais tempo.

Aqui deitado fico imaginando como seria a vida fora destas grades, como seria ter novamente a liberdade...

Sentir a brisa no rosto ouvir o canto dos passaros, sentir os raios de sol na pele, os pingos da chuva.

São apenas devaneios de um tolo, pequenas coisas que somente agora eu dou valor.

Ah, se eu tivesse uma segunda chance. Mas a vida não é da maneira que desejamos, infelizmente...

No começo, as lagrimas encharcavam o meu peito. Mas agora já me acostumei com a ideia de que meus dias terminarão em breve.

Queria me despedir desta vida ao menos sabendo o que é o amor de uma mulher, ter nos meus labios o gosto de um beijo, mas não foi possivel.

É triste a vida na prisão, há somente solidão nestas paredes frias.

Para passar o tempo e manter minha mente ocupada eu leio e, sobretudo escrevo que sinto.

Procuro por no papel as minhas emoções, a experiencia de estar encarcerado, a sensação de ver os meus chegando ao fim.

Em breve enfrentarei "patibulo", tenho que enfrenta-lo com coragem e frieza, pois já que não a mais o que se fazer, que eu encare a morte com um minimo de dignidade, como um homem, mas cada vez que o sol se põe, sinto o desespero me domindo a cada dia que termina eu sinto uma grande melancolia invadindo o meu coração.

Os dias passam devagar, parecem anos. quanto mais se aproxima a hora de ser executado, aumenta mais a minha agonia. Meu coração bate cada vez mais forte, em ritmo acelerado. Não mais serão derramadas lagrimas de solidão e trsiteza, pois ninguem nunca veio me visitar neste tempo todo em que estive encarcerado, nem familia, amigos, namorada que infelizmente eu nunca tive.

O mais doloroso é morrer sozinho, sem ninguém para me dar, pelo menos, uma palavra de consolo neste momento tão triste.

A pena de morte talvez tenha sido a melhor alternativa, seria pior se fosse a prissão perpétua.

Mas, que triste final: no dia em que nasci, que deveria ser o dia mais feliz, me despedirei desta vida.

Sou apenas um "homem morto" andando.

Arcanjjus Negrus
Enviado por Arcanjjus Negrus em 17/07/2006
Reeditado em 09/07/2009
Código do texto: T196155