NOSTALGIA
 
Saudade das brincadeiras saudáveis da minha infância. Vejo adolescentes isolados diante de um computador, sem o contato físico com os amigos, sem o diálogo olho no olho, tão importante.
 
Nossas brincadeiras sempre envolviam outras crianças. Estávamos sempre interagindo e aprendendo a arte de lidar com os outros. Ouvíamos a voz, falávamos olhando para nossos interlocutores, sentíamos o seu cheiro, a sua presença.
 
Saudade das brincadeiras: cantigas de roda, bandeira, estátua, jô, esconde-esconde etc. Víamos TV muito pouco. E os filmes a que assistíamos eram encantadores, sem apelo sexual, sem violência.
 
Saudade dos filmes: Perdidos no Espaço (oh! Céus! Sua lata de sardinha enferrujada), Zorro, Tarzan, Jeanie é um Gênio (o Major Nelson era um tremendo gato), A Feiticeira, Batman etc., sem contar os desenhos animados tão apropriados para as crianças. Naquela época a infância era respeitada.
 
Saudade dos dias chuvosos em que, ao contrário de hoje, abríamos as portas e ganhávamos a rua para tomar banho de chuva, parando em cada biqueira juntamente com as outras crianças da vizinhança. Nenhuma criança saudável ficava dentro de casa enquanto chovia.
 
Saudade dos barquinhos de papel bem lembrados pela colega Isabel. Viajávamos a bordo dessas frágeis miniaturas que eram levadas pela correnteza.
 
Saudade das brincadeiras de casinha. Cada boneca tinha um nome que jamais poderia ser mudado ainda que depois nos arrependêssemos da escolha. Eram nossas doces e encantadas criaturas que adquiriam vida e animavam nossos dias. 
 
Quem se lembra do quebra-queixo vendido na porta de casa? E do pirulito de tábua furada? E das fogueiras que armávamos na frente de casa e acendíamos nas festas juninas?
 
Saudade das tertúlias (é o novo!) lembradas pela colega Auristela. Das canções melosas que faziam com que àquele paquera se aproximasse e dançássemos esquecidas do mundo.
 
Saudade da cadeira na calçada em que nos reuníamos com as amigas para falar dos nossos projetos de futuro. Saudade do muro baixo ao redor de casa e das janelas sem grades.
 
Saudade das encantadoras estórias contadas pela minha doce avó quase todas as noites. Era a minha avó e não a televisão quem me mostrava um mundo mágico, cheio de príncipes e princesas. Ah! Quantas vezes olhei para um sapo me perguntando se não seria um príncipe encantado para o qual alguma bruxa teria jogado seu malévolo feitiço. Talvez por isso sempre protegi esse bichinho desprovido de beleza.
 
Saudade da minha inocência que me fez por muito tempo acreditar em Papai Noel e na Cegonha. Quanto eu chorei quando descobri que o bom velhinho não existia!!!!
 
Amigas, conforme prometi para algumas de vocês, estou enviando o texto Nostalgia. Peço a colaboração de todas para que me ajudem a dar mais volume ao texto, acrescentando algumas lembranças sobre as quais eu não tenha me manifestado.
 
Texto elaborado em 15/02/2007 e enviado por e-mail a um grupo de amigas.