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SOLUÇOS DE MINHA ALMA

Ouço soluços do fundo de minha alma, gritos agudos de um coração desfeito que se derramam em lagrimas quentes, como larvas de um vulcão, de meus olhos perdidos na imensidão. Estou em pedaços, perdida em mim, ilhada nas tempestades de meus pecados, vivendo no subúrbio de meus sentimentos, suportando o meu próprio desespero. Não quero morar aqui. Confesso que minha identidade saltou do meu peito sem controle e arriscou-se a proclamar a verdade que mora na minha emoção e se lançou como uma flecha com a força de um tufão.
Agora, estou aqui para perdi perdão.
Perdão a VOCÊ que sabe quem é e que eu não me atrevo a descrever.
Perdão por eu lhe ferir com meus movimentos descontrolados dos sentimentos que não pude abrigar no meu silêncio.
Perdão pelo passo trôpego dessa minha alma bêbada, viciada na vida, que tem um coração atrapalhado e que depois de fazer o juramento de não mais pecar, volta ao pecado sem se explicar.
Perdão por eu lhe arrancar o sossego, por lhe provocar medo, por fuzilar o seu tempo numa grande confusão, talvez até por lhe fazer chorar.
Perdão pelas minhas recriminações, pelas brincadeiras de mau gosto, pelos meus olhares mortais.
Perdão por eu ter deixado a porta aberta e me desabado, escada abaixo, na minha humana imperfeição.
Perdão por eu não enxergar a linha de seus limites, por acordar seu silêncio, por reclamar urgências que eram minhas.
Perdão por quando, na sombra da noite, eu cheguei às raias de lhe arrancar insultos, acusações e censuras.
Perdão pelas promessas descumpridas e por lhe matar de vergonha e espanto ao declarar a um amigo a minha loucura.
Perdão por eu lhe fazer estremecer como um animal ferido, chicoteado pelo meu espírito atrevido.
Eu lhe peço PERDÂO e ainda lhe digo:
Minha voz está perdida, tenta ser outra em mim, mas meus passos ainda estão sem direção,
Em sã consciência, se eu pudesse, mataria todas as palavras que um dia os meus dedos, no teclado, teimaram em escrever. Não por remorso ou vergonha, nem para tentar esconder a nudez de minha alma, mas por terem, em você, se despedaçado, e se feito, no seu peito, em desconfianças, por ter nos tornado ríspidos e breves, por ter nos afastado.
Aqui estou eu, como uma passageira nervosa antes da viagem, arrumando a mala, consultando o relógio para ver as horas e embarcar na próxima estação, torcendo para que você também seja um dos passageiros e de preferência que se sente no banco do meu lado, para que possamos durante a viagem conversar, e como amigos nos abraçar.
E se isso não acontecer, me resignarei em olhar para você pela janela do ônibus e não se espante se eu assoviar uma canção ao vê-lo desaparecer pelas esquinas do mundo afora.
Agora, se você me perdoar, vou rodopiar de alegria e agradecer a Deus, todos os dias, pela sua amizade e pela sua companhia.