Carta ao mar
Amado mar,
Hoje inicio com um pedido desamparado e de coração desesperante. Traz-me o meu amor de volta. Enrolado nas tuas ondas de águas mornas que se devem ao sol grudado como ponto amarelo no incomensurável firmamento. Ele está a deslizar por entre os dedos como água cristalina tua, e eu não estou a poder mais segurá-lo. O meu coração inundou e morre vagarosamente asfixiado. Traz-me o meu ar. Traz-me com areia nos lábios para que eu purifique e o beijo nos conheça a sal. Começo a ficar com a pele escamada de tanto mexer de novo em ti, à sua busca. Eu sinto a ausência dele, não apenas fisicamente, mas dos seus sentimentos. Faça-o desejar-me tanto ou mais como eu o desejo. Dá-nos barbatanas e unifica-nos as mãos enrugadas para que permaneçamos para sempre unidos. Acabariam as guerras, as perfídias e os mistérios. O mundo necessita conhecer quais os meus sentimentos. Tenho incessantemente a cabeça a fabricar bolinhas de sabão, já nada mais aqui entra verdadeiramente durante aquelas fases pausadas em que o telefone não toca ou ele não procura por mim. Enche-lhe de amor por mim e traga-o ao litoral. Estarei assentada na praia, ansiosa, pelos seus olhos verdes a guerrearem por beleza com o teu ilimitado azul.
Com amor,
Tatiane