Justiça aos Professores - carta ao JB

Façamos justiça aos Professores!

Com toda sinceridade, considero o JB um jornal de valor pois, para mim, é um dos raros que ainda mantêm um certo grau de imparcialidade. Com a mesma sinceridade, por ser leitor assíduo das notícias nos meios impresso e eletrônico, sinto-me à vontade para registrar certa decepção com este veículo.

Com relação à notícia que li no JBOnline, sobre os resultados da prova da rede municipal de ensino, exposta no site às 23:22 hs, do dia 12/01/2010, achei que ela estaria completa se, em algum trecho da matéria, houvesse uma alusão aos professores que estiveram à frente das turmas das quais saíram os alunos premiados, ou seja, a reportagem careceu de uma referência aos mestres que fosse digna da nobreza de seus ofícios.

Notei que os alunos que se destacaram foram corretamente entrevistados. Além deles, as diretoras das escolas aproveitaram bem os "holofotes" da entrevista para valorizar suas atuações como gestoras. Entretanto, nenhuma menção significativa aos professores foi feita.

Creio que os entrevistados possuem uma tendência de "puxar a sardinha" para os seus lados, mas as partes da matéria que não contêm as entrevistas poderiam ter apresentado, após um levantamento de informações não muito complexo, os nomes dos professores vitoriosos ou, pelo menos, uma menção honrosa aos seus eficientes trabalhos desenvolvidos, mesmo que não fossem feitas referências nominais.

Após ler a matéria, notei que os seus dois propósitos foram expor:

Que a transição do governo municipal melhorou a área da educação, ou seja, valorizou-se o trabalho do Sr. Eduardo Paes e de sua gestora para a mencionada pasta, a Sra. Claudia Costin.

As diretoras e seus desempenhos à frente das respectivas escolas expostas na matéria, bem como os alunos entrevistados.

E cadê os professores nesta jogada? Certamente, na prática, não se resumiram a "enfeites" de sala de aula. Eles tiveram que, ao longo do ano de 2009, assim como sempre fizeram, suportar (esta é a palavra adequada):

Turmas abarrotadas de alunos.

Condições internas adversas para o desempenho de suas funções: calor, escassez de materiais, etc.

Comportamentos cada vez mais agressivos e desrespeitosos dos alunos, ocasionando graves lesões nas cordas vocais e afetando os sistemas nervosos dos mestres.

Baixíssimos salários.

Outras coisas que não me recordo para citar, mas que vocês, como profissionais com alto grau de instrução e experiência em suas carreiras, conhecem bem.

Reafirmo meu respeito e admiração pelo trabalho deste Jornal, por isso estou procurando contribuir de alguma forma com o mesmo. Aproveito para deixar uma pergunta para reflexão: por que normalmente, em uma matéria sobre professores que agem incorretamente com alunos (beliscando o aluno, por exemplo), eles são citados nominalmente, maculando sua imagem e despertando a indignação de toda uma sociedade contra ele. Em uma matéria sobre bons resultados da rede de educação, o principal formador de um cidadão não recebe o mesmo destaque?

Marcelo Barboza (filho de Haroldo P. Barboza)

Haroldo
Enviado por Haroldo em 14/01/2010
Código do texto: T2028703