A última página
 
Se um dia você pensar em escrever a última página da nossa história, saiba que muitos finais podem ser escritos, mas somente um vai acontecer, aquele que você mesma escrever com a sua própria mão, aquele que você quiser vivê-lo no coração. Antes da última página, escreva que tudo que é eterno não tem começo nem fim. Escreva que o nosso amor não é assim. Ele é como o universo: finito, porém, imensurável. Escreva que ainda que as nossas lembranças se tornem a como a estrela mais distante, aos nossos olhos, a estrela mais inatingível, ainda assim, ele nunca deixará de existir.
Não pertencemos a nós mesmo, porque, no entremeio de nossas vidas, nos tornamos personagens de outras histórias e caímos em laços que inviabilizam a nossa própria história. Somos cativos do amor que nos acolheu, dos frutos gerados de outros seres amados e trilhamos por caminhos opostos que nos levam a eternos desencontros.
Existe apenas uma remota possibilidade, um fio de esperança que é, na verdade, uma estúpida conjectura, tão estúpida, que eu não ouso dividir com você. É algo que não depende de mim nem de você, depende do autor da vida, depende do que o futuro nos reserva. Mas o futuro é cheio de incógnitas. Deixa o futuro pra ser vivido amanhã. Pois, eu não quero mais me iludir nem poetar sobre possibilidades, sobre fantasias.
Vou me alimentar das lembranças. Nem sempre vou saber discernir as reais das imaginadas. Serão lembranças. Doces lembranças. Vou me permitir receber a carícia do sol todas as manhãs e, com um sorriso bobo nos lábios, vou sentir comigo a tua presença. Vou continuar ouvindo no ar a tua voz e na brisa o teu perfume.
Sei que você vai continuar a escrever a tua versão da nossa história. Antes, porém, de escreveres a última página, não esqueça de mencionar que enquanto eu vivi, eu respirei você. Não esqueça também que eu morri te amando, morri sentindo a tua falta, morri de saudade de você.