Meu deus grego


     Marilza... Você não vai acreditar.
     Ontem eu tava no Shopping, na hora do almoço, comendo um daqueles lanches de fast-food americano, quando do nada, na minha frente, me apareceu um deus grego. Lindo, menina. Você não tem noção.
     Primeiro ele ficou um pouco distante, apenas me olhando. Acho que eu fiquei roxa, de tanta vergonha. Ele me despiu, tocou levemente a minha vagina, só para umedecê-la e penetrou no meu útero, apenas com olhos. Uma loucura, menina.
     Depois se aproximou, lentamente. Com voz de barítono me perguntou as horas, como quem não quer nada. Olhei os ponteiros e demorei para responder, pois o braço tremia, de tanto nervoso. As minhas mãos suavam, Marilza, e senti uma coisa por dentro como nenhum outro homem me fez sentir.
     As horas que falei que eram pareceram não ter a mínima importância para o meu deus grego. Acho que entrou por um ouvido e saiu pelo o outro. Talvez foi um pretexto para se aproximar, pensei.
     Em seguida ele perguntou se podia sentar, e aí foi que eu comecei a tremer mesmo. Mas tentei me mostrar tranquila, firme, serena. Respondi que sim, claro. Aí ele sentou.
     Me perguntou de onde eu era, se eu estava sempre ali, do que eu gostava. Sabe essas coisas idiotas? Então... Mas eu não tava nem aí, ele era lindo, Marilza.
     Respondi tudo e fingi achar graça das palavras furadas que ele estava me dizendo.
     Chegou até me perguntar se o meu pai era ladrão.
     – Imagina! O meu pai ladrão. Porque você está perguntando isso? Você é da polícia – perguntei assustada.
     – Não... Calma... É porque ele roubou o brilho das estrelas e colocou nos teus olhos – ele respondeu.
     Da pra acreditar, Marilza?
     Se fosse outro idiota qualquer, eu juro que teria mandado ele á merda. Já estou farta dessas cantadas baratas de comercial da Havainas. Mas ele não, o meu deus grego não merecia ser tratado com desaforo. Então continuei achando graça do pobre vocabulário dele.
     Ele perguntou o time que eu torcia, me contou que é craque no joguinho do Mário Bross e também falou que a mãe dele é especialista em bolo de fubá. Que fofo,      Marilza... Bolo de fubá... Dá pra acreditar?
     Nós ficamos umas duas horas conversando, eu mais ouvindo do que falando, pois não conhecia muito o mundinho dele, então não tinha o que opinar. Por fim nós combinamos de assistir “Transformers”, no Domingo, e eu saí sonhando acordada com o meu deus grego. O meu deus, de mais ninguém, que de boca fechada é lindo de morrer. O homem mais lindo que já conheci. Aaaa Marilza, você não tem noção...
     E á respeito do que ele diz, quem tá ligando pras palavras?
     Quando eu entrar com ele, de braços dados, num casamento, numa formatura, ou qualquer evento que seja, ele vai causar impacto, vai ser o zum zum zum da mulherada, mesmo que não diga nada. Isso é o que importa. Porque ele é muito lindo mesmo, Marilza. E eu vou encarar essa parada, eu juro que vou. Porque eu já não aguento mais homem feio, chega. Mesmo que o meu deus seja burro, deixa que da cultura do relacionamento cuido eu, é a minha cara. Cuido eu...
     Quando eu apresentar ele pra você, aí você me conta. Me diz se não valeu á pena.      
     Você vai ver...

 
Elder Prates
Enviado por Elder Prates em 04/02/2010
Reeditado em 02/09/2016
Código do texto: T2068887
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