GARRAFA NA AREIA

garrafa na areia

Dentro de uma garrafa,que deve ter rolado pôr inumares ondas, enfrentado incontáveis temporais.

foi encontrado um papel, em manuscrito.

Quando o barco naufragou, flutuei. Sei nadar, mas como não via terra pôr perto, achei melhor

me poupar. Depois de muito tempo, ouvi o ruído de ondas batendo em pedras. Era uma ilha.

Consegui chegar a uma praia.

O papel é pequeno. Vou resumir. Fiz uma cabana. E vivi durante anos de frutas e peixes.

Não apareceu nenhum navio. Nem esperava que aparecesse, pois eu havia navegado

naquele barco, porque estava absolutamente sozinho.

Mas, com o tempo, fiquei assustado com o tamanho de minha solidão. Ela vinha de longe,

como o vento que chega à praia.

Fiz um balanço de minha vida. Meditei em todos os lugares que trabalhei. E me sugeriam

fátuos como as espumas das ondas. Consistente mesmo me pareceram os poemas que

escrevi. As vezes me lembrava de alguns. Outras, escrevia nas areias os versos, que a

maré fazia reverso e apagava.

Encontrei então esta garrafa. Imaginei que ela poderia me levar esta mensagem, que

é dirigida a uma mulher especial.Tem de ser solitária como eu. Amar os silêncios e saber

conversar.Deve gostar de poesia,do orvalho, dos lugares belos e comuns, e sentir que pode amar um homem para não enlouquecer de solidão. Perfeitamente pode ter mais de cinqüenta anos, assim

terá uma bagagem maior de experiências forças e esperanças para trocar.Deverá possuir

uma casa confortável, o suficiente para manter duas solidões.

Poderá ter os cabelos brancos, desde que seja descendentes de europeus.

Sei que esta garrafa não chegará a lugar algum. Mas tenho a esperança que se, uma onda,

passa-la a outra,possa encontrar aquela alma que completarei e vai me completar.

Estou escrevendo esta mensagem num canto de antigo jornal, que consegui guardar.

Se você é a mulher que penso, escreva para Naufrago, jornaldosmunicipios@ig.com.br

DON ANTÔNIO MARAGNO LACERDA

Prêmio UNESCO/poemas.

www.jornaldosmunicipios.go.to

DON ANTONIO MARAGNO LACERDA
Enviado por DON ANTONIO MARAGNO LACERDA em 01/06/2005
Código do texto: T21231