Carta ao silêncio

Existem palavras que expressam todos os nossos sentimentos.

São perpetuadas de diferentes formas: com carinho ou rancor; desprezo ou respeito; tristeza ou justiça.

Entretanto existem expressões silenciosas que demonstram, com clareza de cristal, todas as nossas emoções. E esse grão-momento supera em grau absolutamente sintético quaisquer diletantismos orais.

É o silêncio dos nossos olhares;

A penetração de nossos corpos;

O suor dos nossos poros em ebulição;

Um grito interior.

Ou ainda uma gota de orvalho...

Umidade noturna!

É um “eu te amo” sem eco,

ou reputação moralizante,

que se define como lágrima feliz.

E que se aos nossos ouvidos nos faz calar, viva, dentro de nós, celebra a vitória da justiça e da verdade:

a verdade de sermos doações complacentes da paixão.

Obrigado silêncio redentor!