Maldição Solene
          Italo Calvino: discorreste sobre tantos escritores, poetas e críticos tão ou mais medíocres que tu...  E sequer aludiste ao patente, ao manifesto valor intelectual dos povos lusófonos.
 
          Reverenciaste sim Dante Alighieri, dedicando-lhe tuas melhores páginas, como de direito e justiça.


          Pois 
quer te encontres no Inferno de Dante ou no Céu de Beatriz, hão de pesar sobre o teu mísero túmulo cor-de-rosa os passos de trezentos milhões de usuários da Língua Portuguesa, até o Fim dos Tempos - falantes que ignoraste em tua volumosa, polimorfa, fecunda obra. 
 
          De tantos nomes da Linguística e das Literaturas da nossa cultura, nenhum sequer citaste ou comentaste, seu patife pedante.  Sacanagem...

          Morreste subitamente, a caminho da glorificação digna dos maiores eruditos: a cátedra de uma Universidade norte-americana onde só ingressam os melhores dos melhores, desde a fundação do mundo.
 
          Tudo sabias a respeito de muitas línguas e de todas as literaturas – para dizer o mínimo do teu invejável saber. 
 
         
 Então por que, senhor doutor professor, nem te lembraste de nós, povos tão milenares quanto esse teu?  Só porque não somos todos europeus branquinhos, 
perfumadinhos, comportadinhos - adamados?    Só porque pertencemos ao Terceiro Mundo, e não ao 
Primeiro?  Queres mesmo saber o nome disto, ó
canalha?!
         - É discriminação, preconceito, frescura, veadagem.

          Aqui na América do Sul e lá nas Áfricas se faz uma literatura de MACHOS, de HOMBRES, meu doutorzinho!  (E vivam as nossas escritoras, tão dóceis quão decididas!) 


          Vade retro, infeliz!  Sub-alma farsante!

                                             @&@&@

          Jurei ser breve e severo; breve, até consegui; austero, não.  Porque a austeridade caberá como 
missão a quantos angolanos, brasileiros, cabo-verdianos, guineenses, moçambicanos, portugueses, timorenses e tomeenses desprezaste em teus livros dignos do fogo eterno. 
          
 

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                    Italo Calvino – perfil e obras 
          
Cuba, 1923 - Itália, 1985. Romancista, contista e ensaísta do Modernismo.  Um dos mais importantes escritores italianos do século XX.
 
          Em 1941, matricula-se na Faculdade de Agronomia de Turim; mas abandona os estudos para se engajar na Resistência Italiana contra o exército nazista, durante a Segunda Guerra Mundial.
 
          Ao final da guerra, vai morar em Turim. Doutora-se em Letras, com uma tese sobre Joseph Conrad.  E em 1947 lança seu primeiro livro, inspirado em sua participação na Resistência ao fascismo italiano. Passa a trabalhar para o jornal comunista L'Unità e, depois, na editora Einaudi. Foi membro do Partido Comunista Italiano. 


          Cuba, 1923 - Itália, 1985.  Romancista, contista e ensaísta do Modernismo.  Um dos mais importantes escritores italianos do século XX.
 
          Formado em Letras, participou da resistência ao fascismo durante a Segunda Guerra Mundial e foi membro do Partido Comunista Italiano até 1956.  Sua carta de renúncia em 1957 ficou famosa.

  
 
          Bibliografia:

Gli amori difficili
(1970) (Os amores difíceis) 
Il sentiero dei nidi di ragno 
(1947) (A trilha dos ninhos de aranha) 
Il visconte dimezzato 
(1952) (O visconde partido ao meio)
Il barone rampante (1957) (O barão nas árvores) 
Il castello dei destini incrociati 
(1969) (O castelo dos destinos cruzados) 
Il cavaliere inesistente 
(1959) (O cavaleiro inexistente) 
La giornata di uno scrutadore 
(1963) (O dia de um escrutinador) 
Le città invisibili 
(1972) (As cidades invisíveis)
Le cosmicomiche 
(1965) (As cosmicômicas)
La strada di San Giovanni 
(1990) (O caminho de San Giovanni)
Palomar 
(1983) (Palomar)
Perché leggere i classici 
(1991) (Por que ler os clássicos)
Perde quem fica zangado primeiro 
(1998) – (Infantil)
Se una notte d'inverno un viaggiatore 
(1979) (Se um viajante numa noite de inverno)
Sotto il sole giaguaro 
(1988) (Sob o sol-jaguar)
 

          
Fonte: 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Italo_Calvino  

Acesso: 02/04/2010. 

 
 
          Notas: 

          1 - Para o acanhado, tímido e até bonachão comentário acima, baseei-me no único livro que li dele até agora: Seis propostas para o próximo milênio
          Logo, peço que me alertem sobre quaisquer equívocos, exageros ou omissões.

          
2 -  Ocupei-me do escritor Italo Calvino por 09:50 horas, até 22/08/2010.
 

Jô do Recanto das Letras
Enviado por Jô do Recanto das Letras em 02/04/2010
Reeditado em 17/09/2011
Código do texto: T2172485
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