As razões pelas quais escrevo e publico no Recanto.

"As razões pelas quais escrevo e publico no Recanto - para K.

É um prazer, saber que se interessou por ler os meus textos, K.

Só espero que não se decepcione o se choque com as lezeiras que este liberal desbocado costuma postar!

Entretanto, só consigo escrever assim, como se vivesse em cada texto, como se expressasse ali algo que fosse relevante para mim, seja como na forma de enxergar o mundo ou nas imagens que marcaram os olhos, a mente e a memória.

Ressalvo que ali não estão exatamente os textos que gostaria de ter escrito, mas tão somente aqueles que, por motivo ou circunstâncias, acabei escrevendo.

De qualquer forma, não há como escapar do fato de que as coisas que escrevinhei e publiquei acabam transmitindo uma imagem minha - que não tem uma relação ou verdadeira correspondência com a imagem real.

Talvez concorde que, quando escrevemos, de algum modo, acabamos cedendo à tentação de induzir alguma imagem, alguma referência desejada, algo nosso que, não por acaso, ele deveria conhecer - pobre vaidade!

Mas, já me espantei e diverti com as reações dos leitores aos meus escrito - uns achando que sou uma espécie de Catão, perdido no tempo e no cerrado, outros achando que minhas invocações liberais indicam que sou uma espécie de libertino abusado.

A verdade é que, alguns dos meus textos, escrevi a partir de observações diretas da natureza ao redor - caso dos haicais, outros são frutos da memória (que costuma nos atraiçoar com distorções de dados, imagens, informações e lembranças, já que ela não está vinculada ao espaço-tempo, mas ao nosso tempo afetivo).

Outros são frutos de voluntarismo apressado e, daquela vontade de manifestar-me, participar dos debates de meu tempo, movido por fatos ocorridos num mundo meio patético, que está soterrado de informações - especialmente as ligeiras e, no qual, por incrível que pareça, sobrevive o modismo, a ignorância letrada, o dirigismo faccioso e, evidentemente, os interesses escusos envolvidos.

Em uns poucos escritos publicados, estão as tentativas de mostrar capacidade e destreza na reflexão, na análise dos mais diversos assuntos, que aí, servem antes de mais nada como um motivo subjetivo. Mas, são poucos, malgrado a vasta oferta de motivos...

Tento, todavia, fugir das firulas, dos enroscos e, da falsa erudição. As vezes escrevo falando de músicas que ouvi, de coisas que li, de filmes que assisti, de meus gostos pessoais e, do mundo em que transito (a cidade, o trabalho, a gente, os dias que correm).

Em certa medida, minha matéria prima para a escrita é afetiva, na medida em que está vinculada ao meu dia-a-dia, ao meu jeito de ser, aos meus gostos e opiniões...

Há o caso particular dos textos em que trato de política, dentro de uma linha clara de militância. Ali, é claro, não há muito espaço de negociação com o leitor. Estou manifestando minha opinião, me posicionando e, é claro militando politicamente - não, no sentido partidário, mas no sentido de manutenção de instituições e valores básicos sem os quais, entendo, uma sociedade não pode se desenvolver de uma maneira segura e contínua (como vê, evitei a palavra "sustentada", que consta do vocabulário típido de gente que critico).

Mas, como não escrevo por motivos profissionais, quando o faço, me divirto e, sinto que escrever e algo que me recompensa nesse sentido, pois me faz viajar pela memória, ao redor de fatos, situações e, pessoas que fizeram parte da minha vida.

Sei que muita gente me imagina estourando as teclas diante do monitor do PC - e já me disseram isso. Engano compreensível (e debitável ao escriba). Em geral, dou gargalhadas, rio e, me emociono, teclando as coisas que publico no Recanto das Letras.

Grato pela visita e o incentivo sincero, K!"