CONSELHOS PARA AS MULHERES (Sobre o casamento)

Olá amiga, há quanto tempo não falo contigo?

(Se você ainda não leu as outras cartas, não perca mais tempo! Sua vida será muito mais gratificante e edificada depois que se apoderar desse néctar do saber. Consulte nos meus textos: Conselhos para as mulheres I, II, III, IV, V...).

Bastante tempo, não é?

Sentiu saudades? Conseguiu sobreviver sem os meus valiosos conselhos?

É, eu sei que foi difícil para você.

Para mim também foi, pois para escrever esta coluna, preciso de uma especial inspiração.

Digo isso porque não diria qualquer coisa a você, mas somente o que há de melhor em mim.

Minha inteligência, meu bom humor, minha escrita fluida e agradável, e, é claro, coloco todo o meu coração na página; e em tudo aquilo que faço e escrevo.

Não tenha dúvida de que me jogo literalmente em tudo que faço. Sou feliz por seguir o meu mestre maior, que diz:

“De todo o escrito só me apraz aquilo que uma pessoa escreveu com seu sangue. Escreva com sangue e aprenderá que o sangue é espírito”. 1°*

E que meu sangue seja derramado em forma de letras neste espaço virtual.

Fiquei sabendo que você está noiva, é verdade?

Já está com tudo preparado para o casório. A casa, os móveis, o enxoval, o faqueiro em inox, o vestido, o véu, a grinalda e, é claro, a flor de laranjeira!

A festa será muito grande e com muitos convidados, haverá bolo, churrasco, salgadinhos, chope, vão cortar a gravata do noivo...

Tudo muito bonito e cheio de pompa, certo?

Você o ama, ele ama você, por que não juntar as escovas de dente? (perdoe-me o leitor mais sofisticado pelo lugar-comum, aqui ele se faz necessário).

Querida, não faça essa besteira!

Eu sei que a vida é sua e você faz dela o que bem entender, inclusive torná-la uma droga, um inferno, você tem todo o direito.

Contudo, dê uma oportunidade a si mesma.

A oportunidade de não entrar numa fria, a oportunidade de ter felicidade, a oportunidade de não ser enviada para a Sibéria.

Eu explico:

Casamento é a própria antítese do amor.

Casamento é tudo menos, paixão, tesão, sexo, carinho...

Casar-se com alguém é deixar de amar, com o tempo, esse alguém.

A rotina, o dia a dia, o arroz e feijão, a ração para o cachorro, os filhos, a manutenção e limpeza da casa, tudo isso irá tomar o lugar do romantismo e das atuais idealizações. Creia-me!

E mesmo depois de eu dizer tudo isso você ainda diz que vai se casar?

Tudo bem, você quer trair a si mesma, pois traia, o problema é seu. Depois não me venha dizer que eu não te avisei.

Pois quando uma pessoa jura o seu amor a outra,

ela trai a si mesma. 2°*

Viva relacionamentos menos comprometidos, menos pesados, menos enfadonhos que um trambolho melancólico e insípido que é um casamento.

A graça do relacionamento se perde depois de anos e anos juntos.

No casamento chega uma hora em que tudo arrefece, tudo esfria, tudo gela, tudo congela a – 273 Kelvin! (lembra-se das aulas de ciências?).

Casamos por uma convenção social, porque a família é a “célula mater da sociedade” e por todas as baboseiras sociais que sabemos.

Em nosso tempo, com o nosso conhecimento, nossa tecnologia e nossa cultura, não podemos ser tolos a ponto de entregarmos nossa vida a uma única pessoa para todo o sempre, amém!

Não podemos ser ingênuos a esse ponto. Não podemos levar a sério esse ideal cristão e brega de se casar.

Esqueça essa história caquética, arcaica e infeliz de casamento.

Viva a vida, viva os relacionamentos!

Não quero dizer com isso que as pessoas são descartáveis e que devemos viver promiscuamente, definitivamente, não!

Devemos sim é sermos inteligentes a ponto de inventar novas maneiras de relacionamento que realmente funcionem, que nos façam pelo menos um pouco felizes.

Inventarmos nós mesmos, sem intromissões de quem quer que seja, novas maneiras de se amar. E não se curvar passivamente às convenções sociais que já nasceram falidas e decadentes.

Mas você ainda insiste!

Sonha-se linda, com vestido de noiva, os convidados, a igreja toda enfeitada, o noivo...

Então, teimosa, case! A vida é sua mesmo, pode estragá-la como bem quiser!

Daqui a dez anos você me diz o que pensa sobre casamento.

Dez anos de casamento? Devo estar ficando louco! Vamos reduzir para cinco.

Cinco? Acho que estou sendo muito otimista. Três anos e não se fala mais nisso!

Vá lá! Dou um ano para você querer chutar tudo, um ano!

Em 11 de abril de 2011 você vai entrar nesse espaço virtual e deixar seu relato.

Diga a verdade, não invente!

Tenha sabedoria e escute aqueles que realmente te amam.

Torço por sua felicidade e pela minha também.

Grande beijo!!!

1° * - NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Filósofo alemão.

2° * - SEIXAS, Raul. Cantor e compositor brasileiro.

Frederico Guilherme
Enviado por Frederico Guilherme em 11/04/2010
Reeditado em 11/04/2010
Código do texto: T2189829
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