Do útero para mamãe:

     Querida esposa, falta pouco para tua felicidade de mulher se completar: dias apenas. 
Buscar palavras que dignifiquem a coragem da maternidade é tarefa das mais complexas: nenhum mortal, nem mesmo os poetas, consegue explicitar AMOR, já que propriedade divina. Tampouco ilustrar o prazer de gerar e parir, impróprio aos homens, castigo divino pela insensibilidade, arrogância e embrutecimento: o homem faz a guerra, a mulher traz a paz.
     Pensei ter sonhado, é possível que seja sonho, mas Maria Luísa, nossa filha amada, pediu-me que lhe agradecesse pela oportunidade de dormir em seus braços, acalentada por tua inequívoca bondade e colo farto.
     Disse-me a pimpolha que, no Céu, anjos que são, estava próxima de Deus. Protegida e feliz, a salvo da miséria, da violência e da desfaçatez humana, não pretendia deixar sua paz iluminada, até que um dia, por uma janelinha esquecida aberta, ela nos viu amando. Foram horas de entrega e carinho, amizade e respeito, delírio e deleite. Em dialeto divinal, conversou com seu Professor de Amor que lhe explicou que alguns ainda dispensam a rivalidade, a competição e o desamor, em trocas recíprocas de amor. Maria Luísa desejou compartilhar desse amor, deixou-se vir e agora está chegando.
     Em meus pensamentos ela entrou e pediu-me para lhe relatar os motivos de estar entre nós. Como não se expressa em Português ou qualquer outra Língua terrestre, usou-me para traduzir seu estado crônico de felicidade. Num ultimo esforço para comunicar-se, deixou esta frase que reproduzo: “Mamã... chegando... amo!”
 

                                                                                                                                     Parabéns 
                                                                                                Maria Luísa

Tradução: Nelson Maia Schocair