Somos todos velhas fotografias

São Paulo, 7 de maio de 2010

Para quem encontrar esta carta,

Hoje, consegui ver que minha vida está cercada de coisas boas, no entanto, encontram-se ainda, em algum lugar que não desconheço, gotas de lamúrias amargas. Eu me perdi, eu me encontrei, eu me perdi outra vez mais não consegui me encontrar. Chegou certo tempo em que decidi ficar apenas perdido, já que as esperanças de me encontrar estavam mortas.

Eu me senti só, ninguém queria me ver como eu realmente era. Viam somente um rosto bonito, um talento natural e um jovem que queria apenas viver na balburdia de uma adolescência inacabável.

Vi, que em pouco tempo minha vida das alturas foi levada para um poço bem fundo, um poço cheio da angústia, da tristeza, de ódio e do próprio esquecimento. Senti-me um lixo, me senti traído. Senti-me esquecido. Minha família em si me via como um pobre coitado, como um ser que poderia ter um futuro promissor, no entanto, que não se prezava do lugar onde morava e que se perdeu entre as verdades e falsas amizades.

Sabe, meu coração estilhaçou em mil pedaços, senti que nem minha alma queria continuar mais fazendo parte do meu corpo. Eu vagava pelas ruas obscuras apenas como qualquer, uma alma que estava entre a vida e a morte e estava se preparando para ser julgada no purgatório.

Agora posso entender que sou apenas um numero entre bilhões de outros e, dentro desses bilhões existem, milhões, milhares, centenas de pessoas que podem estar na mesma situação que a minha. Me olho no espelho e sinto que não há mais volta. Se eu conseguisse ao menos tentar perceber as pequenas coisas que estão a minha volta, ver que o meu maior desejo não era se definhar em um antro sem volta, mas sim, buscar a minha felicidade.

Eu, Pedro, estou em cima de uma ponte da qual não sei se conseguirei ultrapassar. Estou em duvida se prefiro o martírio ou se prefiro a morte. Me sinto como se estivesse entre duas portas, uma porta toda quebrada assim como meu coração está me diz para desistir a outra clara, com pequenas pedras reluzentes me dizem para continuar. O que fazer? Para onde irei?

Entenda, somos todos velhas fotografias, onde com o tempo seremos esquecidos, onde com o tempo envelhecêssemos e, com mais um pouco de tempo seremos jogados numa gaveta como qualquer artefato sem uso, quiçá seremos velhos alegres ou tristes, quem sabe velhos amargurados ou bonzinhos, talvez velhos esperançosos ou difíceis de compreender. Não sei, não temos a chave para desvendar o futuro, só sei, que a partir de hoje, grito de pés juntos, que sou um ser completamente... INFELIZ.

Sem mais,

Pedro

Well Rianc
Enviado por Well Rianc em 07/05/2010
Código do texto: T2242640
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