...Espera bendita!

     É preciso ser paciente para com os nossos sonhos e desejos.                     
     
     São eles que alimentam nossa vida dando-nos força para seguir confiando que vale a pena acreditar que o amor que tanto ansiamos vai se concretizar.      

     
     Talvez ele chegue num dia de sol, numa noite de lua, num dia de chuva, numa noite de estrelas, num dia quente, numa noite fria, num dia alegre, numa noite solitária. 

     
     O que importa é desejar que ele venha.           

     
     Mas, não é tarefa fácil aguardar este desejo tão sonhado, pois requer saber esperar. E, essa espera, muita das vezes, parece adiar sua chegada, angustiar o coração, entristecer o olhar, retirar o sorriso do rosto, derramar lágrimas represadas.                

     
     A espera assemelha-se, por vezes, a um inimigo que fica de emboscada, pronta a nos fazer sucumbir. 


     Também, revela-se cruel, em alguns momentos, frente ao desejo quase insano de amar e ser amado.

É como se andássemos em terreno de areia movediça e nele mergulhando para sempre sem provar o amor tão sonhado.

     Esperar significa ficar em algum lugar até que chegue alguém que se tem como certa ou provável, aguardar, contar com, ter esperança, supor, ter satisfação em acreditar, confiar.

     Ela não tem prazo de validade e não nos oferece garantia.


     Como verbo transitivo direto também precisa de complemento. Assim, também o amor enquanto verbo e sentimento.

     E com o amor que vivemos a sonhar - e lembrando Mário Quintana “Sonhar é acordar por dentro”- temos de saber esperar. 
     
     Esperar sem garantia de que ele virá.


     E, mesmo que chegue não há garantia de que possa durar. 
     
     Como é paradoxal a espera pelo amor!


     Mas sem ele a vida não tem complemento.

     Nada o pode substituir. Verbo transitivo. Sentimento intransitivo.

     Talvez por isso esperar seja o gesto de fé mais complexo na experiência do existir.

     Sendo a fé “a certeza das cousas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem” é com ela que se espera o amor que se vive a sonhar, se deseja encontrar, se suporta esperar e em prece creia: 


"Qui séminat in lácrimis, in gáudio metent. Eúntes ibant et flebant, mitténtes sémina sua. Veniéntes autem vénient cum exsultatióne, portántes manípulos suos."

Os que semeiam com lágrimas, com alegria ceifarão. Chorando, saíram a espalhar as suas sementes. Mas quando voltarem, estarão contentes, carregando os seus feixes.”

     Assim, a espera, então, se revela BENDITA!



Liliane Prado
(Exercício Poético)

 
Liliane Prado
Enviado por Liliane Prado em 14/05/2010
Reeditado em 03/07/2012
Código do texto: T2257715
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.