Oi Coração

Oi Coração, recebi sua mensagem e vi o quanto você está aflito. Desculpe se demorei a responder; tive que tentar analisar com calma o que você me descreveu para poder entender o processo, mas devo confessar que para mim, a Razão, essa é uma tarefa bastante difícil.

Você me contou que em uma recente determinada situação ficou agitado, batendo descompassado, parecia que estava se agigantando, e que foi difícil sentir-se novamente normal. Mas quando você revive ou relembra a mesma situação, os sintomas reaparecem. Engraçado porque meus estudos sempre indicaram ser esse um quadro bem sintomático da paixão. Mas nós sabemos que não é isso não é Coração? Dentro do que você me relatou não é cabível uma paixão. Além do que, no nosso último contato você havia me dito o quanto andava calmo, tranquilo...embora eu tenha percebido algum sentimento oculto por trás de cada frase sua.

Sei que minhas palavras de agora em nada estão contribuindo para que você sinta-se novamente sereno, mas me ajude dando-me um pouco mais de tempo. Só dessa forma poderei realmente prestar algum auxílio à você, que é tão forte, mas às vezes parece um pequenino ser inocente e indefeso.

Imagino o quanto deve ser complicado segurar o sorriso que chega com a lembrança de algo, ou identificar que sentimento é esse que te faz respirar tão fundo que parece que vai roubar para si o ar do mundo todo. Mas lembre-se Coração, de que estarei sempre por perto e jamais vou deixá-lo sozinho. Tá, eu sei, muitas vezes você me procurou mas se recusou a me ouvir e seguir meus conselhos lembra? E muitas dessas vezes você se machucou lembra disso também? Sei que você vai me dizer o quanto meu mundo é chato, sem graça, sem cor; que você precisa de emoção, de alegria, da energia brilhante das crianças...

Também lembro que em outras ocasiões você estava certo. Até me jogou na cara que não sou a dona da verdade. Mas todas as vezes que trabalhamos juntos a coisa funcionou melhor. E acredito que é isso que estamos precisando fazer agora: estar juntos. Só assim a conclusão será equilibrada. De forma alguma podemos nos afastar agora ok. Mas permita-me dar apenas um conselho enquanto não finalizamos essa fase: em seus momentos de quietude, de exílio voluntário e necessário à todos nós, esqueça-se de mim por alguns instantes e viva sua plenitude de sentimentos. Sinta, reviva, relembre, transborde-se. Nesses momentos fique tranqüilo, jamais irei importuná-lo. Mas não seja desleal comigo; prometa-me que antes de qualquer decisão, voltaremos a conversar. O simples fato de você me enviar a mensagem já me mostrou que você precisa da minha ajuda, então, nada de tomar atitudes sozinho combinado?

Fique em Paz Coração! Na verdade, independente de mim ou de você, tudo sempre acontece como tem que ser, e nada acontece por acaso. Mas mesmo assim, é nosso papel estarmos atentos não é?

Um abraço...ah, já sei, você prefere que eu me despeça sempre com um grande beijo :)