Amiga, o mar não está para peixe

Querida, amiga, hoje amanheci não quarendo acordar.

Hoje acordei com vontade de gritar.

Eu tô cansando de toda essa gente mandona querendo me dobrar.

Eu tô cansado de toda injustiça engolida goela abaixo.

Não aguento mais a hipocrisia dessa gente que me rodeia.

Deus, onde é que eu vim parar?

É, amiga, o mar não está para peixe. As coisas estão feias.

Tem cachorro querendo comer meu fígado.

Tem verme sugando meu sangue.

Tem víbora envenenando minha vida.

Me sinto perdido em descaminhos.

Me sinto atordoado com tantos espinhos.

E em meio a todo esse mar de angústia, sinto sua falta.

Você com seu jeitinho meigo sempre tinha uma resposta, mesmo quando nada falava, seu sorriso dizia tudo.

E eu terminava achando que tudo ocorreria bem.

Ah, querida, hoje os lobos fazem a festa com a minha carne.

Víboras e Demônios me engolem a alma.

Meu corpo implora por paz, mas só encontra dor e mais dor.

Eu tento me levantar, me reerguer, mas falar é fácil, conseguir é que é difícil.

Estou estafado ao extremo: de tal forma, que às vezes sinto que meu corpo morreu e só restou minha alma.

Por que será que tudo tem que ser assim?

Por que lutei tanto para morrer na praia?

Por que tenho que escolher entre a morte de meus ideais e minha sobrevivência?

É amiga, eu estou num mato sem cachorro e sem coelho, eu estou mais perdido que madame em dia de liquidação.

Minha história é toda marcada por dilacerações.

Eu estou marcado no corpo e na alma.

E agora me sinto como um animalzinho encurralado por terríveis leões.

De dia e de noite eles vem devorar minha carne.

E agora o que fazer com todos os sonhos e com toda luta?

O que buscar quando não há saída?

Que caminho percorrer?

É, pelo que pode ve,r a coisa está feia, e como eu gostaria que você aqui estivesse, para me mostrar uma luz, um caminho.

Meu Deus, querida, onde está aquele sorriso que tinha o dom de me iluminar?

Onde sua alegria foi parar?

Nossa! Eu já estou aqui me perdendo novamente em cojecturas.

Estou totalmente arrasado sem suas palavras de consolo e de amizade.

Mas, sei que a vida é assim: cada qual toma seu rumo e o que se há de fazer? O que se há de fazer, me diga, por favor?

Eu só não quero mais sentir tanta dor, tanto pavor.

Eu não quero ter que morrer em nome de meus ideiais e muito menos ter que matá-los em nome de uma sobrevivência mecanicista e sem brilho.

Eu não quero simplesmente existir, ou subsistir; eu quero viver.

Como ve amiga, querida, o mar não está para peixe, a coisa está feia e o meu mundo está caindo, caindo...

E, sabe, eu não sei se um dia as coisas melhoram, eu só sei que cada vez elas pioram mais e mais.

E cada vez eu te preciso mais.

Deus, que bom seria se estivesses aqui do meu lado.

Mas, sei que não é possível, nesse momento.

Quem sabe um dia não nos vejamos novamente? Porque agora não vai dar, amiga. Isso porque nesse momento, definitivamente, o mar não está para peixe.

Marcos Welber
Enviado por Marcos Welber em 23/06/2010
Código do texto: T2336243
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