Sem drama.(então você morre!)

Chegou a hora.

O momento de morrer.

Hoje é o seu último dia sobre a terra.

O inferno começou em um dia 21 de outubro e também termina neste dia miserável.

Não havia mais o que fazer.

O tempo se esgotou.

Todos o abandonaram, viraram-lhe as costas.

Você não poderia levar este pesadelo adiante.

Foi uma decisão dificil a ser tomada.

Mas as circunstâncias o levaram a este fim.

Vovê tentou mas não conseguiu.

Na madrugada você varreu seu casebre, passou desinfetante,deixou "menos" desagradável.

Então você pula o muro,vai até o fundo do quintal de sua mãe,levando consigo os galões de gasolina,seus papéis,revistas,cadernos,boletins.

Reminiscências de sua infeliz passagem na Terra.

Os empilha,os encharca,risca o fósforo e o joga.

Você os observa se incinerar,enquanto o sol desponta no horizonte.

Sente-o no rosto pela última vez.

Então se dirige até a casa de sua mãe.

Vai até o banheiro fazer a barba.A faz sem press'alguma,pois não terá mais que fazê-la.

Findada essa tarefa,vai até a geladeira,apanha a pizza doce "prestígio" ,a esquenta no microondas.Abre o congelador ,pega o pote de sorvete "diamante negro".

Põe a pizza em um pote,o sorvete em uma sacola.Pula novamante o muro,retorna ao seu pardieiro.

Você sempre vontade de degustá-los,mas devido a seu vício nunca pôde.Suas parcas economias ,de seus "bicos",erm todas empregadas para sustentá-lo.Todo condenado à Morte tem desejo a um último desejo não?

Você os saboreia lentamente.

Depois de saciado,liga o rádio ,põe um cd,uma coletânea,ouve a exaustão as mísicas "A Via Láctea" do Legião e "Azul da cor do mar", do Tim,com as quais sempre se identificou.

Então lê um livro,"suícidio;testemunhos de adeus.",que nao queimou.

Terminada a leitura,senta-se à beria da cama.Mãos postas sob o queixo.Olhos cerrados.Refletindo.

Sua vida passa diante de você como um "flme".

Sua irmã lhe jogando na cara o que fez por você;sua mãe lhe dizendo:"queria que me desse orgulho ao menos uma vez .";seus "mui amigos" ridicularizando-o;o escárnio feminino.

Recordações amargas como fel.

Mas você nao chora.

Durante muito tempo derramou lágrimas.Mas no final encara a Morte como homem.

Você está totalmente lúcido,ciente dos seus atos.Sóbrio,não usa o álcool como suberfúgio para ter coragem.

Então chega o momento.

Sobe na banqueta,ajusta o pescoço na corda(pelo menos não morreu com um lençol),suas estão trêmulas,coração bate alucinadamente.

Não há mais volta!

Derruba -o,seu corpo começa a se debater.

Dura alguns minutos.Logo pára.

Você foi até o final.Autoextermínio efetuado com êxito.Pelo menos uma coisa certa fez na vida.

Decorridos alguns dias,a senhoria sente um odor nauseabundo vindo de seu quartinho.

Bate na porta.Não se ouve nada.

Pede a seus filhos que arrombem-na.Então se deparam com sua carçaca putrefata.

Sem alarde,o IML é acionado,Vem e o levam.

seus despojos jazem em uma gaveta no necrotério.Ninguém o reclama.

No dia seguinte ,nublado,apenas 2 coveiros acompanham seu féretro.

Começam a cavar .

Ao longe,trovões ribombam,como se fossem as batidas de um coração entristecido.

As pás sobem e descem.

Os primeiros pingos começam a cair.

O coveiros abrem sua cova.

Baixam seu esquife.Cobrem -no com,agora,lama.

Sem flores,lágrimas,sem viv'alma.Nem sua genitora.

O coveiros apressam-se para irem embora.

Começa a chover torrencialmente.

Mas amanhã é outro dia. A vida prossegue.

Um erro foi corrigido.

Final melancólico

Mais um a engrossar as estatísticas.

Mais um que parte sem receber sequer um único adeus.

Arcanjjus Negrus
Enviado por Arcanjjus Negrus em 12/07/2010
Código do texto: T2373368