AMOR DE PAI - III

Querida filhinha.....

..... O Mário Covas em seu leito de morte disse:

“tive medo, tive dor, tive tudo aquilo que um homem normal tem”.

“como posso reclamar disso se Deus me deu a vida”?

“quem tem o principal, como pode se queixar do acessório”?

Confesso que senti tudo isso e também agradeci a Deus por tudo que Ele me deu.

Ele é tão maravilhoso, que mesmo depois do ocorrido em minha vida, encontro-me aqui novamente falando contigo, nem que seja para pedir perdão!

Filha, onde fui e aonde quer que eu vá, levo você no meu coração. Sempre foi assim e assim será. Pois o meu coração estará sempre voltado para você.

As lembranças eram muitas e inesquecíveis, jamais esqueceria a minha gatinha manhosa, a namoradinha linda, gostosa e querida do papai. Aquela que se derretia todinha de amor e carinho, que vivia declarando o seu amor diariamente.

“O nosso amor era tão intenso que ia da terra até o céu". Como poderia esquecer um amor de tamanha magnitude?

Pois é, não esqueci!...

Filha, acredito que exista uma grande mágoa pela incompreensão dos fatos. Não tiro as suas razões, só espero que reflita um pouco mais para poder superar esse triste episodio que se abateu sobre nós, para voltarmos a viver aquele amor colossal.

Sei que no fundo da sua alma esse amor ainda repousa, pois ele era muito grande e belo para ter se esvaído. Ter sido jogado fora. Ter se perdido no tempo.

Deus, Pai Nosso de todos os dias, estou num conflito medonho, pois, após ter entrado numa guerra perdida, onde careci de muita ajuda para ser resgatado e continuar vivendo, perdi a parte mais preciosa da minha vida que foi a convivência com vocês.

Olha filha, desde a data fatídica, que todos os “dez” de abril, foram marcantes para mim, pois comemorava sozinho o seu aniversário, e morria de paixão, solidão e uma grande emoção. Era muito amor e muita saudade. Porém, esse “dez” de abril que se aproxima, será o mais divino e maravilhoso de todos, será os nossos reencontro, e o dia em que você adquirirá a tão sonhada “maioridade civil”.

“Parabéns pra você nesta data querida, muitas felicidades e muitos anos de vida”!

parabéns mesmo, filha!

Gostaria muito de passar contigo essa data maravilhosa. Convida-me, vai!...

Um beijão.

Papai.

Carta á filha, datada de 30 de março de 2001.