** PAI **

Querido pai;

Hoje, como sempre, acordei com o pensamento em você. Em como está? Onde está? O que faz?...

Isso me remeteu aos tempos de minha infância, quando juntos íamos passear de mãos dadas na pracinha da igreja, enquanto os sinos badalavam anunciando que a missa ia começar.

Nossos passos eram conduzidos pelos hinos de louvor e adoração a Deus. E nossa caminhada se tornava cada dia mais fortalecida, até que os anos se passaram e a separação foi inevitável.

Custei a entender que essa mudança de hábitos matinais fosse sinônimo de minha independência pessoal, mas quando enfim aceitei os fatos, recebi a notícia de tua partida definitiva.

Dessa vez eu havia perdido meu chão. E minha vida parecia entrar num abismo sem fim.

Minhas certezas foram dando espaço a interrogações; Minhas conquistas já não me alegravam mais... Tudo parecia despedida!

E eis que eu me tornei adulta. E sendo adulta pude perceber que a morte é consequência da vida, assim como a dor é derivada do amor.

Tal descoberta foi capaz de transformar a minha dor em saudade. E os meus dias que haviam se tornado cinza, voltaram a ser "amarelo-sol".

Não posso mais te ver; mas nunca deixei de te sentir!

E pra quem vive um dia após o outro, por hoje, até que isso me basta.

Onde quer que esteja, receba o carinho todo especial de uma pessoa que antes de entender o significado das palavras PAI e FILHO, aprendeu a te amar como fã.

A sua filha,

Maria Souza

Mai Brasil
Enviado por Mai Brasil em 30/07/2010
Reeditado em 30/07/2010
Código do texto: T2408790
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.