Carta do Coração 18

Querida amiga,

Agora faz um ano que me mudei. Como você bem sabe, eu vim para cá para poder trabalhar, para crescer profissionalmente.

Lembro que todos os meus amigos e familiares comemoraram muito quando souberam que eu havia conquistado tal oportunidade de trabalho. Assim, nós festejamos bastante por essa conquista.

Naqueles dias não havia ninguém que não estivesse feliz com a ótima chance de emprego que surgia em minha vida. Mesmo considerando que eu não sabia ao certo o que viria pela frente, todos foram unânimes em apoiar-me nessa empreitada. Por isso, mudei-me cheia de energia e disposição para enfrentar esse desafio.

E, hoje, após tanto tempo longe de vocês, posso dizer que não me arrependo de ter aceitado esse trabalho.

A primeira coisa boa foi poder passar pela experiência de conhecer um pouco mais nosso país. O Brasil é muito grande e rico, e eu não tinha idéia de como era a real condição dessa parte tão distante de nossa nação. Aqui, tenho vivenciado uma realidade socioeconômica e cultural bastante diversa daquela que conhecia. Sei que não sairei daqui da mesma forma que cheguei, pois pude conhecer novos saberes e diferentes hábitos e posturas. O jeito como as pessoas vivem, como se relacionam uns com os outros e a maneira como lidam com a natureza à sua volta é totalmente diferente da cultura de nossa cidade natal.

Estou muito satisfeita com a casa onde moro atualmente, que é bem confortável. Tenho aprendido muito com os colegas de trabalho, pois tenho realizado muitas atividades diferentes.

Mas, infelizmente, ainda sinto muita falta de você, que é minha melhor amiga, e de todos os demais amigos que deixei pra trás.

Pode parecer mentira, mas até hoje não consegui fazer muitas amizades aqui. Não que eu não tenha me esforçado, pois tenho buscado estabelecer laços de afinidade. No entanto, tristemente reconheço que até o momento não consegui fazer nenhum amizade forte.

Sei que tenho estado muito envolvida com o trabalho, o que de certa forma atrapalha um pouco para que surjam mais oportunidades de conhecer outras pessoas.

Recordo dos bons momentos que nós duas tínhamos, quando passávamos horas conversando, falando de coisas diversas. Aqueles momentos eram bons demais. Mesmo que os assuntos não tivessem importância, o que mais valia era a atenção que nós duas dispensávamos uma a outra.

Sempre que eu precisasse de um ombro amigo, lá estava você pronta para me acolher. Nós tínhamos tantas coisas em comum, tanta afinidade que até parecemos irmãs de sangue.

Nós passamos tanto tempo juntas, partilhando idéias, opiniões, contado estórias e fofocas. Por isso, toda vez que me lembro de nossa longa convivência, um aperto enorme toma conta de meu peito.

Aqui não tenho com quem conversar. Não encontro ninguém que possa me ouvir nos momentos difíceis. Às vezes eu quero simplesmente ter alguém ao meu lado para me fazer companhia, mas não encontro ninguém.

Sei que uma amizade não se forma da noite para o dia, entretanto isso não aplaca a dor que sinto.

Tem vezes que a saudade é tão forte que chego a pensar em largar tudo e ir embora para perto daqueles a quem amo tanto.

O que eu mais gostaria é que você estivesse do meu lado para poder me confortar um pouco, pois assim poderíamos conversar um bom tempo e colocar o papo em dia. Ah, como isso seria ótimo !!! Não vejo a hora de sair de férias e poder retornar para minha terra querida, onde poderei matar a saudade de todos vocês.

Um abraço forte, cheio de saudade !!!

Melgaço – PA, 04 de agosto de 2010.

Naiara Stanislau

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Ilha de Marajó – PA, Agosto de 2010.

Giovanni Salera Júnior é Mestre em Ciências do Ambiente e Especialista em Direito Ambiental.

E-mail: salerajunior@yahoo.com.br

Giovanni Salera Júnior
Enviado por Giovanni Salera Júnior em 06/08/2010
Reeditado em 12/08/2010
Código do texto: T2421657