A você*

O que agora preciso não são de suas rezas prontas e nem de orações inéditas,

Preciso mesmo é poder me esparramar sem sua condenação

Aí, talvez suas mãos me reúnam novamente,

Ou seus braços em abraços amáveis retenham-me para que se eu me perder não seja toda

E aí, talvez, num momento qualquer serei um pálido esboço do meu eu, que por ora quer e mais que querer, precisa se desmanchar em lágrimas desmedidas e ao sabor pleno da minha necessidade

Agora, para que minha loucura seja suportável mais adiante, preciso me entregar ao desespero desta dor que não é sua nem por empréstimo, mas que através do seu amor por mim, permitirá que se esvazie

Porque sabe, só posso me desesperar na esperança de que em você me reencontrarei logo adiante, por causa do amor seu por mim e do meu amor por você

Então, entrego-te minhas vestes por saber que se muito ou pouco de mim atravessar a correnteza perigosa dos meus olhos, você há de me entregar estes véus que me são códigos necessários para prosseguir e não importa para onde

Hoje, o desespero, a agonia, a dor e a angústia precisam ser vividos para que eu não perca minha brutal humanidade que sempre será muito mais simples que se pôde supor

*Um improvável ser