Carta ao neto.

Carta ao neto.

Quando na pia batismal

te acercares da comunidade cristã que envolveu e sustentou o alicerce de teus ascendentes -teus pais e teus avós-

Por certo estarás te aprestando, para iniciar a longa caminhada,

sob o signo de Cristo e de Deus, seu pai, pelos mesmos caminhos tortuosos e inseguros, mas já assinalados nos seus acidentes, por aqueles que e querem ver passar incólume e seguro no que mais possível for.

Que mais poderia dizer à tua inocência inculta, mas feliz,

Senão calar a voz e por mímica e por meu olhar que não vês,

te revelar o mais supremo sentimento?

Dizem que as crianças, na sua inocência, entendem melhor assim

Que os burburinhos de vozes tonitruantes e assustadoras...

Ouves meu neto?

È teu avô que fala, no silêncio de seu coração.

Fala, pensa e chora

Na emoção característica de todo o seu ser,

Que é misto de alegria e tristeza

De entusiasmo e de abandono, de grandeza e mesquinhez...

Atente para o mundo que entras como cristão!

È um mundo hostil, de labirintos infindáveis...

Os que e antecederam, já palmilharam seus caminhos,

Guiados pela maior ou menor orientação,

Pelo melhor ou pior educação,

Pelos mais puros ou impuros sentimentos.

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Uns, abrandaram sua hostilidade,

Encontraram nos meandros dos seus labirintos, verdadeiros oasis,

Onde se estrangulam “a maldade”,

Onde se encontram “ decência”

Onde se eliminam as arestas da “ impiedade”...

Outros, suportaram sua total hostilidade

E se perderam nos seus infindáveis labirintos.

Os primeiros, tiveram boa orientação, educação e o desenvolvimento cristão dos seus sentimentos.

Os segundos...

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Agora olha para trás!Acompanha o rastro,

O vestígio deixado pelos que te vanguardeiam e são teus ascendentes...

Compare agora a orientação substancial que te vão dar

Com os exemplos que ficaram naqueles rastros e vestígios!

Devem ser coerentes.

As dissonâncias que encontrares, devem por ti ser sintonizadas.....

É a responsabilidade tão humana,

tão social, e dogmática

que se lança assim tão cedo sobre teus ombrinhos

tão tenros e tão adorados,

mas que é a máxima dos Mandamentos, “Honrar Pai e Mãe”

E nesta linha, os teus avós...

Oh! Não te assustes.

Não choramingues!

Não é assim tão grave e o fardo será leve,

Como gostosa e leve foi a pitada de sal que te deu o sacerdote...

Serás forjado em bom forno e com bons ferreiros...

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E, quando puderes

E já estiveres em condições de passa os olhos

E ler esta primeira carta de eu avô,

Te rirás e talvez chores,

Por ver que o lirismo se apossou completo

De quem pela primeira vez teve a ventura

De ser pai pela segunda ...

Então, aconselharás ao teu pai a não sentir ciúmes,

Porque a evolução, fatalmente o levará

A sentir e a passar por esse momento sublime,

Que é um simples ciclo,

Que em períodos quase constantes se repete a cada geração.

Deus te abençoe, te proteja e te encaminhe,

Te supra as deficiências, se as houver

E te permita passar, como a mim, este momento feliz que marca a perpetuação da família, célula mestre da sociedade em que vivemos.

Perdoa por fim a minha ausência.

E, que esta presença espiritual e escrita,

Se envolva na mais densa atmosfera de preces,

De anseios e de desejos,

Para que tua vida que aflora,

se firme e se projete no tempo voluptuoso, cheio de felicidade,

perene se possível,

para que a recíproca

em minhas cans ou em minha alma

seja verdadeira

e recompense o estado sentimental

que me envolve e que me inspira.

Rio, 22 de janeiro

Teu avô

Humberto

Pequena homenagem a uma pessoa inesquecível!

M.H.P.M.

Helena Terrível.