No meu tempo de guri

No meu tempo de guri eu não tinha medo, o meu desejo era compartilhado com os outros guris, apenas alegria reinava nos nossos dias juvenis, acho que as pessoas davam mais valor aos seus sonhos! Não esquecia em qualquer gaveta!

Aqueles dias guardados na lembrança não os viverei mais, tudo mudou, as ideias mudaram, o jeito de conversar mudou, o ar mudou, tudo... Hoje as amizades são feitas á distância, por detrás de um vidro insensível e vazio, não escrevemos cartas como antigamente, hoje carta não tem nexo sem anexo.

No meu tempo de guri brincávamos de pique - esconde, barra-manteiga, de roda, de caiu no poço, hoje o divertido é permanecer sentado com os olhos parados vendo luzes artificiais do vídeo game, dos jogos em todos os “DÊS”.

A era tecnológica sepultou o encanto desta Cidade, levou consigo o brilho das estrelas, o encanto do luar, o cantar dos pássaros, o doce vôo das borboletas na flor que dança no embalo dos ventos, tirou os novos guris da calçada, hoje não se brinca de bolinha de gude, de furão... O divertido agora nos aprisiona, tira-nos o contato com o natural, nos reduz a tristes seres consumidores de vãos produtos tecnológicos.

No meu tempo de guri a minha comunidade eram os becos e ruas do meu bairro, onde andávamos sem nenhum medo, pois todos se conheciam, as pessoas se abraçavam, meninos e meninas podiam ser amigos, brincávamos juntos sem nenhuma maledicência dos tempos modernos do Século XXI, a nossa sala de bate-papo era a porta de casa, ou sob a claridade de um poste, onde traçávamos as nossas metas e construíamos os nossos sonhos, onde desejávamos que o tempo parasse para podermos aproveitar cada segundo.

Hoje sou um guri crescido, tendo que saber viver em meio às guerras bélicas e psicológicas, tentando ensinar aos novos guris a saberem respeitar os tesouros do passado, herança que a traça não come e a ferrugem não destrói.

Nossa cidade é linda, não me cansarei de dizer isso, aqui vivo, aqui morrerei, e com certeza levarei todas as boas lembranças da minha infância e de todos os amigos que tenho. Precisamos nesta hora, fortalecer os vínculos de amor e companheirismo que são muito significantes para nós, para que não passemos por esta vida sem termos realizado algo de bom para o coletivo, construir um pensamento de paz e de esperança para que toda dor ora sentida se transforme em gotas de alegria, dádivas caídas dos céus.

13/05/2010

 

Lula Ribeiro
Enviado por Lula Ribeiro em 13/09/2010
Código do texto: T2496276
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