VAMOS BRINCAR DE SER DEUS?

A vida todos os dias me impeliu a honestidade, a bondade e a justiça, desde o dia do meu nascimento. Só que a justiça para mim também estava cega. Nasci, perderam-me bebê, vivi numa turbulência incostante de adultos pervesos nos quais me inspirei. A infância não soube ao certo o que foi, trabalhei pela decência, mantive a mim e aos outros. Minha adolescência foi solitária como tem sido minha vida todos os dias. Nunca encontrei quem pudesse segurar minha mão nas horas que a dor, a angústia e a tormenta foram profundas, estive só nessas horas, só havia DEUS, que na minha cegueira também não o enxerguei, talvez Ele tenha me visto, pois a vida continuou e hoje, vejo que passei pela vida sem ter sentido nada, passei pela vida vivendo a vida das outras pessoas, ou melhor para as outras, quase fui Deus, tive o poder de viver, de ser outras pessoas na figura anônima que sou até hoje.

Quando encontrei o amor, não era o que eu desejava, tentei outros amores que não foram tão amores assim, mas encontrei finalmente um amor que não é o meu amor.

Neste percuso diverso, perdi o sono, perdi as lágrimas (hoje reencontradas), perdi o lar (um dia também vislumbrado de relance), pois nunca senti aquilo um lar. Construi meu próprio lar, mas não havia felicidade, havia um vazio profundo na alma que hoje virou abismo, para dividir esse abismo com outros que não tinham lar findei entregando o meu próprio leito, hoje sou nada, ninguém, sou uma amargura na vida, uma incerteza a cada dia.

Fiz todas as tentativas para que vivessem comigo uma vida plena de amor, felicidade e prosperidade, destruíram tudo. Não restou nada, até o pó da terra teve o seu preço.

Desisti de tudo, resolvi abrir os olhos, comendo a maçã proibida do pecado que seduziu Eva, encontrei-me também sem vestes e olhei adiante e não encontrei ninguém, todos ocupados pelo tempo, o Deus que cura tudo e não me curou coisa alguma, pois as feridas só abriram e começaram a sangrar, mais e mais. Agora não há mais tempo, o segredo é brincar de Deus, é traçar o próprio caminho, o próprio destino e fazer como melhor lhe aprouver, agora sou o Deus da minha vida(dessa vida que é muito melhor que eu) e ela será da forma que eu quiser, com as cores que eu desenhar, com os sentimentos que eu descrever, o dia terá as horas que eu quiser, a vida os dias que eu contar, a felicidade será do jeito que eu quiser, os valores morais serão os meus, os prêmios serão ditados por mim e as punições também, toda regra deve ser minha obra e construção, porque eu sou DEUS, ou posso tudo ou não posso nada e que o verdadeiro Deus possa me perdoar por ter perdido a sanidade e ter brincado um segundo com o destino e ter sido DEUS.

Soliana Meneses
Enviado por Soliana Meneses em 30/09/2006
Reeditado em 30/09/2006
Código do texto: T252770
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