NUNCA TE VI, SEMPRE TE AMEI - PRIMEIRA PARTE

Fácil, extremamente fácil falar de amor. Difícil mesmo é se entregar verdadeiramente a ele, ainda mais quando não se sabe a quem amar?

Pois bem. O amor tudo pode! Inclusive amar a uma desconhecida fisicamente, no entanto, mais que presente espiritualmente. Isto sem adentrar ao mundo do desconhecido.

Poderia até mesmo pedir a ajuda do Chico, mas chaves há em todos os lugares para todas as portas, já dizia minha avó. E quando se perde uma, pode-se perfeitamente chamar o chaveiro que outra será providenciada. Ocorre que não há portas fechadas para quem ama, então pouco importa chaveiro, quiçá ajuda de entidades superioras, as quais devoto total respeito.

Lado outro, buscando um respaldo em outro fenômeno literário - Drummond - este dizia, em sua inarredável e incomparável poesia das sem razões para o amor, ama-se porque se ama e não há explicações. O problema talvez seja este: inventar uma nova roda. Ora, o objetivo dela já é rodar e rodar, então, não há o que emendar. Esta pronta, perfeitamente acabada, embora propensa aos vários ingredientes de enfeites. Um detalhe: eu adoro os ornamentos, enfeitiça-nos e nos eleva ao paraiso em um segundo. Daí, a necessidade de enfeitar a roda, talvez ela possa fazer algo mais que rodar.

E nesse inventar, inventei você. Você de minhas inúmeras fantasias enfeitiçadas, mirabolantes, inquietantes e o pior: aprendi a te amar, ainda que pouco conhecimento tenho de ti, verdade, quase nada. No entanto, te amo.

Será febre amorosa? Não. Febre nos deixa incomodado o bastante até nos levar para cama. E não estou afim de cama. Melhor cana. Cana que me leva a você, em delírios alcóolicos, em delírios de amor. Entretanto, nem mesmo o teor máximo alcóolico é capaz de sanear pensamentos que são por natureza perfeitos em sua essência, haja vista que já trazem em si, a fenomenologia do amor, portanto, puro, vívido e incapaz de se contaminar ou precisar de algo para embriagar-se. O amor é amor porque é perfeito. Sintonia fina das mais graves elocuções musicais.

Dessa forma, busco a paz e a tranquilidade das canções simples de um pardal, ou de um bem-te-vi, que por natureza representa a mais pura liberdade do viver, concomitantemente, do amar. Assim também amo você, pela simplicidade de sermos como sol e lua, no entanto, com nossos reais objetivos de viver, e viver em harmonia com todo o mistério que nos cerca, mistério da natureza. Mistério que somente o amor é capaz de desvendar. Por isso te amo como nunca amei ninguém, ainda que nunca tenha te visto fisicamente.

Clovis RF
Enviado por Clovis RF em 19/11/2010
Código do texto: T2625615
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