Carta de saudade...

Talvez hoje seja um dia como outro qualquer... Um dia normal, natural por ser mais um, comum e surpreendente por lembrar você. Eu não tenho nada de novo, nada especial a contar, nem sei se você me lê. Já nem sei se você me leu um dia. Se você leu nos meus olhos que eu, verdadeiramente, seria seu por um tempo incontável, sem ponteiros nem calendário, sem dizer que iria embora.

De alguma forma eu sempre soube que as partidas aconteciam, muitas canções que me foram especiais diziam que não há pra sempre. Eu sei que você seguiu seu caminho, eu sei bem disso. Mas até ontem eu achava que tinha te construído um atalho. Pensei que aquela estrada seria mais segura pra você, que não te machucaria e assim eu poderia estar perto... Eu sempre quis estar perto de você, sempre quis ser seu escudo... Eu te cuidei por alguns anos, até você se tornar o meu melhor verso. Você tinha a métrica e a musicalidade perfeitas, um parnasiano não poderia te desenhar tão bela. Eu pude... Por algum tempo, que nem o tempo saberia precisar.

Eu não sei que estrada você resolveu tomar, preferi não te ver ir embora. Quando você me veio eu andava meio sem rumo, meio torto, um tanto ferido. Minha última batalha fora cruel demais. O teu sorriso arrancou minhas armas e os teus olhos pequenos me mostraram algo que eu não conhecia. Eu não queria que você fosse pura, eu nunca liguei pra isso. Eu sempre quis que você fosse verdadeira, inevitavelmente as suas verdades seriam as minhas.

Talvez o tempo passe e essa poeira te leve embora... É uma hipótese desesperada, nada sóbria e não é o que eu quero! Sua casa anda vazia e você não se sente bem, eu era o teu único bem. Mesmo meio torto eu te faria o que ninguém poderia fazer... Você cresceu junto a mim!

P S: Eu te amo.

Pedro Hermes
Enviado por Pedro Hermes em 22/11/2010
Código do texto: T2629883