Um dia sem você (Eternidade)

Não sei, Amor, o que dizer. Sei que você vai rir, pois acha que quando digo isto, é por quê quero dizer muita coisa... Quando não é verdade! Na verdade, os sentimentos desenvolvem-se em mim de fora para dentro, ou seja, eu não invento nada (nem exagero), só exprimo o que o mundo e as coisas dele me causam.

Você parece não ser deste mundo. Não é estranha, não tem antenas, não me abduziu (Só ao coração), não é verde! São tuas virtudes que me fazem acreditar que não devia estar entre nós. Poderia você, minha deusa, subir aos céus. Os degraus da escada, são os bons sentimentos que desperta em cada pequeno coração.

Meu coração é pequeno, mas tem dentro dele um amor quatro vezes maior que o próprio! Como é possível? Eu, realmente, não sei, pois esta façanha foi sua. “Como conseguiu fazê-lo?”,. todos perguntam. Meu coração que ainda, de outros tempos carregava maldades, agora se vê livre destas mediocridades, de pensamentos maus.

Se se aproxima do malvado, é o fogo da paixão do meu peito! Mas, isto é contraditório: pra uns o fogo é diabólico, coisa ruim, para mim é parte integrante do amor. É desejo, é vontade, manifesto de um grande sentimento! Sei, amor, tudo isso parece discurso, parece politicagem.

Por vezes o dito de um apaixonado se aproxima ao de um mal intencionado, por mais incrível que pareça! Ambos tentam persuadir o interlocutor (que escuta ou quem lê), querem os envolver, porém, o político tenta obter benefício próprio; o apaixonado, apesar de pensar no benefício para si, leva mais em conta o do ser amado...

Chega de teoria.

Ficarei um longo tempo sem falar com você, uma eternidade. Meu sofrimento começará quando o sol do outro dia nascer.

Irradiar a luz pelos campos, pelas flores, folhas e pessoas. Entre os prédios e arranha-céus , nas matas, nas ruas, nos canos de descarga dos carros!... Então todos acordaram, eu continuarei dormindo. Todos se cumprimentaram, beijaram a quem ama e eu continuarei dormindo. Todos verão quem ama acordar, meu sono continuará profundo.

No meio do tempo, acima estará o sol, a equinociar os teus fios dourados da cabeça. O sol tocará em você, o sol envolverá seu corpo, o sol acariciará suas vestimentas, o sol iluminará tuas bochechas e teus lindos lábios rosados, eu estarei em sono profundo, desacordado!

Então, o céu ficará mais ameno, sua luz numa refração multicor! Alaranjado e cor de rosa... Cairá o sol pelas serras que namoram sua cidade, no lado oeste o beijo será profundo e gostoso, menina, você escutará o suspiro dos montes beijados, será o som dos ventos nordestes. Então você estará com o a batida do coração a guiar o relógio da minha saudade...

Depois do beijo apaixonado daquele astro, quem brilhará no fim desta eternidade, será a Lua. Lua que dizem que é dos namorados, agora penará sobre mim a saudade, retirará lentamente a espada da saudade, ainda cravada no meu peito. E você, lindamente dormirá, fechará teus olhinhos castanhos, então logo morrerá a eternidade, que, sem teus olhos perde a seu vigor, a sua importância!

Ficarei longe de você uma eternidade, mesmo que esta eternidade dure 24 horas. Sofrerei a cada segundo e desejarei que esteja bem, seja onde esteja, seja de onde eu lhe abençoe. Agora sou santo, pois me casto do teu carinho. Eu fui beatificado sem querer.

Para a senhorita Elen Keller,

Afogado em saudades,

Andrié Keller

13 de outubro de 2006.