Aos amigos que ficaram

Aos amigos que passaram

(e foram tantos, sei porque me lembro)

se voltarem, leiam, deixei um recado:

- não há flor sob o riacho

porque as águas eram de março

e os abraços eram floridos

como os jardins do passado

e continham tanto perfume

que nenhum vendaval dissipou...

Aos amigos que passaram

(não foram tantos assim)

deixei sob a porta o segredo:

- um riso cheirando a jasmim

(alguém entrou e não viu.

Pisoteou o sorriso

matou um pouco de mim)

Aos amigos que passaram

Ilesos através das muralhas

(tão poucos e permanentes)

que semearam bromélias,

orquídeas, dálias, camélias

aviso que:

- reguei as plantas

e dizimei as pragas.

Tragam cestos, violinos e harpas

é hora de colheita farta

de voares de fadas

de bênçãos de querubins...