Até sempre....

Terra, 16 de outubro de 2006.

Estou te escrevendo esta, pois esqueci de como se escreve uma carta. Deu-me saudades do tempo que com o poder da caneta eu me mostrava te escrevendo, te olhava escrevendo, te beijava escrevendo.

Hoje em dia, nos não nos falamos mais pelo papel, aliás, não nos falamos mais...

Resolvi te escrever para sentir outra vez, aquela sensação que há muito eu não sentia. Construir no papel, aquela coisa de escrever daqui e você sentir daí exatamente aquilo que eu escrevia.

Eu me lembro: eu relatava fatos cotidianos com tamanha precisão, que ao final eu me espantava com os meus próprios relatos.

E as respostas às minhas cartas, então?

Aguardava a cada dia o carteiro, que hoje em dia só me traz contas a pagar ou meu extrato bancário, como se fosse o ato mais divino e desejado da minha vida.

Bons tempos onde a minha sensibilidade estava tão à flor da pele, que sentia o teu perfume, os teus olhos, a tua boca, pela forma das letras e pelo papel em que escrevias.

Bem, estou te escrevendo prá matar saudades, mesmo sabendo que não receberá essa carta. Não tenho mais seu endereço, perdi a capacidade de te sentir à distância, não consigo nem mais imaginar como você está: se está mais linda, se sua vida mudou, se você é feliz.

Estou escrevendo simplesmente para matar saudades, encurtar a distância mesmo não sabendo qual a sua extensão, diminuir a minha dor...

Beijos e até sempre!

CHICOSFERREIRA

16/10/06

Campinas/SP/Brasil