QUAL O MELHOR POETA?

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Cartas ao Leo

 

Campo Grande, dezembro de 2010.

Pergunta-me quem foi o melhor poeta do Romantismo. Meu amigo, não espere de mim uma resposta. Pois, essa é uma questão profundamente estranha ao meu sentimento de poesia. Entretanto é a pergunta que sempre se faz quando se fala em poesia e poetas. Qual é o melhor poeta? É o que sempre ouço e, provavelmente, ouvirei enquanto viver neste mundo de Deus.

Para comprovar esse fato, basta você adentrar num fórum virtual de amantes dessa arte, para constatar que é o que mais interessa a um grande número de participantes. Não se contentam enquanto não se define o melhor, ou os melhores entre eles e em nossa literatura.

Entretanto, podemos perceber, com meio olho mesmo, que nada é mais difícil que a tarefa de se fazer comparações poéticas. Mesmo nos mais variados concursos poéticos virtuais em que se fornecem temas, se estabelecem prazos e se impõem condições aos concorrentes, o julgamento pode falhar, porque há uma quantidade de pequenas coisas, porém importantes no seu todo, que perfazem a obra de cada autor.

Imagine, agora, os obstáculos a enfrentar, quando se trata de comparar a produção inteira de vários poetas de nosso Romantismo, com estilos, temperamentos e pensamentos diversos. A não ser, é claro, que haja uma diferença extraordinária, mas muito extraordinária mesmo, que por si só se estabeleça de um poeta sobre os demais.

Essa mania de comparações é algo que não consigo absorver. A mim, desde que um poeta me toque à alma e a faça vibrar, o que me importa saber, se ele é maior ou menor que qualquer outro? Por isso faço coro com Amadeu Amaral¹ quando diz: "Sorrindo, e chorando, e meditando, e aprendendo, e recordando, percorro os jardins maravilhosos da poesia, colhendo aqui e ali as flores que no momento mais me atraem, sem curar muito de saber quem foi o melhor jardineiro".

Contudo a mania ira permanecer. E a pergunta há de sempre se repetir: Quem é o melhor poeta? Eu de mim, meu caro amigo, não saberia dizê-lo.

Mas essas reflexões são minhas e não posso, absolutamente, lhe garantir que estou certo. Cabe a você julgar-me.

RSérgio.

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1 - A. Amaral (1875-1929): poeta, jornalista, filólogo, prosador, conferencista, está entre os legítimos valores da literatura brasileira contemporânea.

Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário.

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